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Francisco Sarsfield Cabral
Opinião de Francisco Sarsfield Cabral
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​Os retornados da Venezuela

01 jun, 2017 • Opinião de Francisco Sarsfield Cabral


Há portugueses a fugir do inferno da Venezuela. Sobretudo voltando para a Madeira.

O regresso a Portugal de centenas de milhares de portugueses vindos de África em 1975 foi um acontecimento dramático, mas que acabou por ter alguns efeitos positivos. Os “retornados” de um modo geral integraram-se bem na sociedade portuguesa. Não aconteceu como em França, onde ainda hoje persiste alguma hostilidade entre a população e os que voltaram da Argélia quando esta se tornou independente, em 1962.

Inúmeros “retornados” lançaram-se então em pequenos empreendimentos – restaurantes, estações de abastecimento de combustíveis, etc. Como na altura escrevi, numa economia então largamente nacionalizada, os ex-colonos eram quase a única manifestação de uma iniciativa privada activa.

Recordo esta situação porque muitos dos quinhentos mil portugueses e luso-descendentes da Venezuela regressam ou pensam regressar a Portugal. Sobretudo à Madeira, de onde serão originários 80% da comunidade portuguesa na Venezuela. O que, naturalmente, coloca sérios problemas às finanças madeirenses.

Os que fogem da Venezuela querem livrar-se do inferno em que se tornou aquele país, o maior detentor mundial de reservas de petróleo. Uma enorme riqueza natural, desperdiçada pela corrupção, primeiro, e depois pela crassa incompetência de um governo que será tudo menos democrático. Mas se há quem veja democracia na Coreia do Norte…

O regime de Maduro (que não tem o carisma de Chavez) recorre à violência para travar os protestos da população. Já se contam mais de 50 mortos. E essa violência vem, não apenas das forças militares e de segurança, mas também de milícias armadas pelo poder político, milícias que agem sem um mínimo de regras.

Como é habitual, Maduro e os seus seguidores atribuem a desgraça do seu país a inimigos externos – concretamente, aos EUA. Ora o governo de Maduro contribuiu com um milhão de dólares, através da empresa estatal Petróleos de Venezuela, para a tomada de posse de Trump. A revelação consta de um recente artigo, inserto no Jornal de Negócios, de Kenneth Rogoff, um conhecido professor de economia em Harvard, que participou nas Conferências Estoril esta semana.

Será que a aposta em Trump saiu furada a Maduro? De qualquer forma, é curiosa a atracção que Trump exerce em ditadores, de Putin a Maduro, passando pela família real saudita ou pelo presidente do Egipto.

Comentários
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  • Pedro
    04 jun, 2017 Lisboa 13:31
    Inúmeros “retornados”(?) Quantos são na verdade? Governo que será tudo menos democrático (?) Convocar eleições em dezembro (as regionais) é ser anti-democrático? Desde que Maduro foi presidente (2013) já houve três eleições, uma delas perdida pelo seu partido (as legislativas), como FSC muito bem sabe (mas esconde). Não é o regime (aliás, presidência), mas sim a oposição que recorre à violência nas ruas. Milícias armadas pelo poder (?) Aonde? Até agora, só vemos milícias terroristas incitadas pela oposição. Contribuição de Maduro em dólares para a campanha de Trump (?) Onde está a prova dessa mentira? Não se esqueça que a base da verdadeira crónica jornalística está na prova e no facto concreto. Escrever por ódio e por raiva a um sistema que despreza (o socialismo) não dignifica o jornalismo e o descredibiliza como jornalista.
  • Vasco
    01 jun, 2017 Santarém 23:16
    Uma boa oportunidade para os nossos compatriotas fugidos do saque e chacina imposto pelo ditador socialista Maduro na Venezuela é virem agora para aqui beneficiar do convite do nosso 1º ministro socialista ao regresso dos emigrantes para participarem no actual progresso do país.
  • ALETO
    01 jun, 2017 Lisboa 18:36
    Curiosa ditadura que consente eleições para a presidência da república de cinco em em cinco anos e que até consentiu bem há pouco tempo, a vitória da oposição para as eleições parlamentares. Curiosa ditadura que até já marcou eleições regionais para Dezembro e que espera eleições presidenciais para o ano que vem. Dos 55 mortos contados, ninguém ainda percebeu que 27 dos mesmos eram socialistas, alguns mortos pela oposição terrorista das ruas (da direita) que até usa crianças para arremessar com cocktails molotov à polícia nacional bolivariana. Alguns desses cocktails são verdadeiras atracções para os chamados «muchachos guarimberos». São chamadas «puputov». Para além do explosivo levam excremento humano e são usadas pelos mesmos jovens (os tais libertadores, queridos de FSC) contra a Polícia. No entanto, Francisco Sarsfield Cabral suponho que não seja a favor da polícia no seu país. Por exemplo, que tal falar das cargas policiais no tempo de Pedro Passos Coelho contra os trabalhadores? Por ventura, a violência e a brutalidade da polícia não era a mesma ou era? E de que lado estava o autor deste texto? Estava do lado dos muito, muito ricos, contra os pobres e aqueles que lutavam contra Pedro Passos Coelho. Nessa altura, a direita (neste país) tinha um presidente, o parlamento e o governo da mesma cor. Não era ditadura? Como podemos classificar uma tirania destas que sufocou os portugueses durante 4 anos? E de que lado esta Sarsfield Cabral, nesse tempo? É bom não mencionar.
  • Justus
    01 jun, 2017 Espinho 17:37
    Para escrever duas linhas sobre o drama dos portugueses na Venezuela S.C. aborda tudo, menos o essencial. Fala dos retornados das ex-colónias e do sucesso da sua integração; do fracasso da integração dos Argelinos em França; do regresso da totalidade ou quase totalidade dos portugueses e dos problemas financeiros para a Madeira; da riqueza e da pobreza da Venezuela; do petróleo; da democracia e da ditadura; do carisma e da violência; dos inimigos externos e internos; da corrupção, dos corruptos e dos corrompidos; de Trump, de Putin da Coreia do Norte, da Arábia Saudita, do Egipto, etc., etc. Como no mar agitado anda tudo à deriva neste texto, sem um fio condutor. Quanto ao drama dos portugueses na Venezuela, nada, absolutamente nada. E este drama, dos portugueses e, em geral, de todos os venezuelanos, merecia outra abordagem. Por quem estivesse dentro dos acontecimentos e problemas, expondo-os, e não se ficasse apenas pelas banais, genéricas e "politiqueiras" referências a Trump, Putin, Chavez, Maduro, Coreia do Norte, Arábia Saudita, Egipto, etc. As tormentas e sacrifícios por que têm passado os portugueses na Venezuela e os venezuelanos em geral são graves e sérias de mais para serem abordadas por quem só conhece as generalidades que vêm publicadas nos jornais e, ainda por cima, fala de tudo no mundo ou de todo o mundo, menos daquilo que havia de falar, ou seja, que os venezuelanos precisam neste momento de um governo que os respeite e que lhes dê condições de vida dignas.
  • JMC
    01 jun, 2017 USA 15:49
    Marco Visan: São "disparates" e uma "grande mentira" afinal? http://www.foxnews.com/us/2017/04/20/venezuelas-government-donated-500k-to-trumps-inauguration-report-shows.html https://www.theguardian.com/world/2017/apr/19/venezuela-donation-donald-trump-inauguration http://www.elmundo.es/internacional/2017/04/20/58f9036022601d623e8b4591.html
  • José Saraiva
    01 jun, 2017 Viseu 15:32
    a culpa é dos EUA assim como já foi da "el ninã"...não tardará ,aparecerá outro "culpado" pela desgraça e caos vividos pelo povo venezuelano...e bem a maneira da ESQUERDA FANÁTICA , nunca admitem que são uns FALHADOS e INCOMPETENTES ao exemplo dos demais "paraísos vermelhos"
  • JC
    01 jun, 2017 charneca da caparica 15:27
    Talvez esta seja a altura certa para o Sr. Francisco emigrar para a Venezuela, A oposição daquele país precisa de pessoas que emitem opiniões não distorcidas e imparciais como a deste senhor, sim porque só com pessoas com uma visão como a do Sr. Francisco se pode tornar a Venezuela uma democracia pluralista, defensora dos grandes grupos e dos interesses obscuros !!!!!
  • Marco Visan
    01 jun, 2017 Lisboa 14:07
    «Ora o governo de Maduro contribuiu com um milhão de dólares, através da empresa estatal Petróleos de Venezuela, para a tomada de posse de Trump. » Que grande mentira. Eu sabia que o senhor era anti-socialista, mas mentiroso, ao ponto de dizer estes disparates? Depois, o senhor fala sobre milícias que combatem nas ruas. Que milícias? Estas são da oposição (de direita) e são estas as causadoras do caos que se vive nas principais cidades. São estas milícias de terroristas, recrutados em colégios privados (de ricos) que arrasam estradas, deitam fogo a autocarros de abastecimento e até deitam fogo a seres humanos (confundidos com chavistas). Tal como foi irresponsável a sua medida, de última hora, em censurar comentadores aqui na sua caixa de comentários (exemplos de Miguel Botelho e João Galhardo), o que demonstra um grande desespero da sua parte em agir contra aqueles que não se convencem das suas mentiras e disparates; mais irresponsável ainda é o mau esclarecimento e mau serviço que o senhor presta aos seus leitores com crónicas disparatadas como esta. Por favor, se é pessoa de bom nome, publique o meu comentário e não censure, como fez com outras pessoas.
  • gabriel martins
    01 jun, 2017 caracas venezuela 13:55
    Bon dia, a publicação da Venezuela e boa, eu sou filho de portugues, e advogado aqui na Venezuela, as coisas aqui nao sao boas, não é so problema politico tambens e social, ja desde Chaves hasta o Maduro, fiseron a gente odiar os emigrantes , somos filhos de estrangeiros e fiseron odio para nos, estamos vendo que em qualquer momento hay uma guerra, a gente tems medo de perder seu apartamento ou moradia, e van embora arisgando a perder tudo. obrigado por lembrarse de nos. atentamente Gabriel Martins
  • Compadre de Évora
    01 jun, 2017 13:04
    Para compadre Eborense-Registo o seu oportunismo!Caro compadre, para sua alegria ainda vai subir um pouco mais!Depois para sua tristeza vai começar a descer..É a vida da gerigonça, o melhor que nos podia acontecer.