Emissão Renascença | Ouvir Online
Francisco Sarsfield Cabral
Opinião de Francisco Sarsfield Cabral
A+ / A-

​O PSOE e a crise do socialismo

23 mai, 2017 • Opinião de Francisco Sarsfield Cabral


Os socialistas europeus dividem-se entre reformistas e radicais.

Depois de ter sido afastado pelos dirigentes do seu próprio partido, Pedro Sanchez voltou à liderança dos socialistas espanhóis (PSOE) graças à escolha dos militantes. Sanchez fora afastado por não admitir que uma abstenção do PSOE deixasse tomar posse um governo minoritário do PP, o que enfureceu o aparelho do partido e as suas principais figuras.

O referendo de Domingo, onde votaram apenas militantes, permitiu a desforra de P. Sanchez. Ele terá agora o difícil desafio de unir o partido, que tem vindo a cair nas sucessivas eleições desde há uma década. A obstinada recusa de permitir ao PP e a Rajoy que governem poderá levar a novas eleições antecipadas, um teste perigoso para Sanchez.

Mas o grande rival do PSOE é o Podemos, mais à esquerda. Irá Sanchez tentar uma frente comum de esquerda com o Podemos, a qual se arrisca a ser apenas uma força populista de protesto? Em breve se saberá.

O problema do PSOE não é muito diferente daquele que afecta outros partidos europeus que se reclamam da social-democracia ou do socialismo democrático, em França, nas Holanda, na Grã-Bretanha, na Alemanha, etc. Esses partidos estão divididos por duas tendências. Uma reformista, defensora de uma economia social de mercado (de que Blair foi a expressão mais “direitista”); e a outra tendência de cariz anticapitalista, mas rejeitando o modelo soviético.

O problema desta segunda tendência é não poder apontar qualquer caso real que não tenha sacrificado as liberdades democráticas, tanto ou mais do que a União Soviética. António Costa é olhado com grande curiosidade pelos socialistas europeus porque, com a “geringonça”, logrou ultrapassar aquele dilema, ainda que de forma provavelmente temporária.

Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

  • Jorge
    24 mai, 2017 Sintraj 12:57
    Há aqui comentários, que precisam de ser democratizados, verem a "aurora" da liberdade! Temos toda a liberdade para criticar o artigo,expressar a nossa concordância ou não, com o que FSC escreve.Não entendo, nem aceito esta marcação ao "homem" indigna de uma sociedade livre e democrática. Este foi o meu último comentário. Um abraço.
  • Justus
    24 mai, 2017 Espinho 01:43
    S. Cabral não gosta nada de Portugal nem dos portugueses! Sempre à espera que o "Diabo" apareça, a fazer fé no seu amigo Passos Coelho, é notória a raiva e o azedume com que fica ao constatar, dia após dia, os bons resultados da nossa economia e da execução orçamental. Bom, bom, era quando os portugueses sentiam na pele os assaltos à mão armada do governo sobre os salários e as pensões; quando eram obrigados a emigrar e a empobrecer; quando lhes apresentavam mentiras como se fossem verdades, etc., etc. Nessa altura, S. C. elogiava e incentivava. Agora, quando uma série de boas notícias para Portugal e para os portugueses nos chega todos os dias, S. C. não tem uma palavra para as referir. Bem sei que, se o fizesse, teria que pedir desculpa por andar sempre a dizer coisas erradas, para não dizer mentiras, como aconteceu ainda há bem poucos dias ao dizer que não havia crescimento nem investimento em Portugal, e viu-se. O crescimento na ordem dos 2,8%, a saída de Portugal do procedimento por défice excessivo, o festival da canção da Eurovisão que Portugal ganhou e, pasme-se, até a vinda do Papa lhe passou despercebida ( falar de generalidades cristãs em vez da peregrinação papal é uma afronta aos portugueses, a Portugal e ao Papa. Deixe lá o Irão, o PSOE e o Trump em paz e veja o que aqui se faz e refira-o, porque a inveja e a hipocrisia não levam a lado nenhum. Se é A. Costa e os socialistas que nos dão estas alegrias, tenha paciência, habitue-se. Os incompetentes desapareceram
  • Marco Visan
    23 mai, 2017 Lisboa 13:28
    Sim, a opinião ouvida pode ser do PSOE e de Pedro Sanchez, mas qual a relação com a União Soviética e o nome de «geringonça» (que o senhor e outros insistem em chamar ao governo de António Costa)? Existem as pessoas que sabem dar opiniões simples e correctas e depois existem as pessoas, como Sarsfield Cabral, que gostam de confundir, baralhar e até inventar.
  • Jorge
    23 mai, 2017 Sintra 12:28
    É com Eduard Bernstein, dirigente do SPD Alemão, que emerge o conflito entre revolucionários e reformistas, no seio do "Movimento Operário". Mesmo assim Bernstein, não rompia, com o marxismo. Tem sido dura a vida do PSOE em Espanha (milhões de votos perdidos, tanto para o PP como para o "Podemos", penso que só se deve contabilizar os perdidos para o PP), não tanto pelos ideais justíssimos da sua ideologia, que configura uma sociedade mais igualitária e democrática, mas pelo poder incomensurável do neoliberalismo, que a globalização ajudou a introduzir na Europa, minando as estruturas e as fundações do Estado Social. É difícil romper com a unidade do capitalismo/economia neoliberal atualmente presente no “velho continente”. Os ideólogos dessa corrente, estudaram bem a lição da história da luta de classes. Qualquer vitória do PSOE, não será tanto pelo que pode vir a fazer neste momento, pois está num nível de apoio político/social baixíssimo, mas pela corrupção e má fama veiculada, que parece grassar no seio do Partido Popular e, que é ofensivo para a dignidade do cidadão comum, esclarecido e bastante hostil. Relativamente à “gerigonça”, a sua base de apoio assenta indirectamente, mas sólidamente, numa maioria sociológica, capaz de defender com sucesso o "Estado Social". Talvez, os ideais da “gerigonça” sejam reproduzíveis noutras paragens do cenário europeu? Enfim, o neoliberalismo tem-se esforçado por se estruturar. Partidos socialistas procuram resistir. Só podem vencer.
  • João Galhardo
    23 mai, 2017 Lisboa 08:57
    Pobre Sarsfield Cabral. Não esquece a União Soviética e muito provavelmente ainda tem pesadelos dos tempos de 1974-1975, onde escrevia artigos em «O Jornal» favoráveis ao governo de Vasco Gonçalves. O artigo até podia ser interessante, mas Sarsfield Cabral não é nada equilibrado. Começa por abordar a Espanha, para concluir a sua opinião na «geringonça» de António Costa. Autêntico «troca-tintas» que já devia estar na reforma, por escrever tão mal.