22 mai, 2017
O filho do antigo presidente do Irão, o moderado Rafsanjani, conquistou todos os lugares no Conselho Municipal de Teerão (21). Os conservadores foram afastados da gestão da capital iraniana, dominada por eles há 14 anos.
No mesmo dia, o também moderado Rohani conseguiu ser reeleito presidente do Irão com uma margem confortável (57%, contra pouco mais de 50% há quatro anos). A afluência às urnas foi de cerca de 70%, superior ao esperado. Na capital, Teerão, registou-se o dobro dos votantes relativamente à eleição presidencial de 2013.
Apesar de todas as limitações impostas pelas autoridades islâmicas (xiitas), a democracia atrai os iranianos, sobretudo os jovens – ao contrário do que vemos na Europa. Os resultados desta sexta-feira permitem a esperança de que, a prazo e gradualmente, a teocracia do Irão evolua no sentido democrático.
Claro que o reeleito presidente Rohani é limitado no seu poder pelo Guia Supremo, o ayatollah Ali Khamenei. Bem como pelos Guardas da Revolução, ultra conservadores. Mas uma derrota de Rohani, importante artífice do acordo nuclear do Irão com os EUA e outros seis países, teria dado mais um pretexto a Trump para rasgar esse acordo – que não é ideal, mas representa o menor dos males.
Trump parece tomar partido pelos sunitas contra os xiitas, ao visitar a Arábia Saudita na sua primeira saída dos EUA. E ao vender aos sauditas 110 mil milhões de dólares de armamento, numa operação em que interveio o genro de Trump, Jared Kushner. Armas sofisticadas “para combater a má influência iraniana”, nas palavras do Secretário de Estado Rex Tillerson.
É uma política arriscada, pois aposta num país de monarquia absoluta, onde impera a lei islâmica pura e dura (por exemplo, na falta de direitos das mulheres) e de onde eram originários 15 dos 19 terroristas do 11 de Setembro do 2001. E hostiliza um Irão, decerto ainda teocrático, onde a aproximação à democracia é menos improvável.