11 mai, 2017
Onze dias antes da eleição presidencial americana de 8 de Novembro passado o director do Federal Bureau of Investigation (FBI) anunciou ir reabrir o inquérito aos e-mails recebidos e enviados por Hillary Clinton quando Secretária de Estado (equivalente a ministro dos Negócios Estrangeiros) no primeiro mandato de Obama, através de uma via privada, e não da via oficial.
Esta unidade de polícia, a mais importante dos EUA, já havia investigado a “gaffe” de H. Clinton, sem chegar a conclusões dramáticas para a candidata à presidência. Mas anunciar que o FBI iria reabrir o caso, nas vésperas da eleição, levantou novas suspeitas que prejudicaram a votação em H. Clinton e depois não se confirmaram. Ela própria reconheceu publicamente, há, dias que havia perdido as eleições por causa das interferências russas e do insólito anúncio do FBI, contra toda a tradição do organismo – que tem sido nada anunciar que possa influenciar as eleições dois meses antes delas se realizarem.
Na altura, Trump saudou efusivamente a iniciativa do director do FBI. Ora, na terça-feira passada, o agora presidente Trump demitiu esse mesmo director, alegando que… havia conduzido mal o processo dos e-mails de Hillary Clinton! É uma justificação inverosímil, até porque, como nota o New York Times, se Trump tivesse mudado de posição sobre o assunto, então teria demitido o director do FBI no início do seu mandato.
Obviamente, Trump afastou o director do FBI porque aquela polícia investigava as alegadas interferências russas no processo eleitoral, incluindo contactos entre apoiantes do presidente e entidades russas. É uma vergonha para a justiça americana.
Há quem recorde que Nixon, em Outubro de 1973, demitiu o procurador especial que investigava o Watergate, um escândalo que punha em causa o próprio Nixon. Em 1974 Nixon foi forçado a abandonar a Casa Branca. Mas agora não há procurador especial e a maioria republicana no Congresso procura abafar o problema das interferências russas. Com a louvável excepção do senador John McCain.