Emissão Renascença | Ouvir Online
Francisco Sarsfield Cabral
Opinião de Francisco Sarsfield Cabral
A+ / A-

Reavivar a memória

26 abr, 2017 • Opinião de Francisco Sarsfield Cabral


À televisão cabe o principal papel de reavivar a memória histórica dos portugueses.

O Presidente Marcelo condecorou, a título póstumo, Francisco Sá Carneiro e D. António Ferreira Gomes. Fez bem, dada a importância que ambos tiveram na consolidação da democracia em Portugal.

Sá Carneiro tentou, com outras personalidades, democratizar o anterior regime quando Marcello Caetano era Presidente do Conselho. Não conseguiu, mas despertou muitas consciências para não aceitarem a ditadura do Estado Novo; e, depois do 25 de Abril, combateu a tentativa de impor a Portugal uma nova ditadura, desta vez de esquerda.

O bispo de Porto, D. António Ferreira Gomes, criticou a política de Salazar, o que lhe valeu dez anos de exílio. E durante o PREC (Processo Revolucionário em Curso) não poupou as movimentações comunistas e da extrema-esquerda em Portugal.

Mas quem, hoje, se lembra deles ou sabe quem eles foram e o que representaram? As gerações que atingiram a idade adulta depois de 1974 de pouco se lembrarão. E as seguintes ainda menos.

No entanto, aumentou muito a publicação de livros e estudos sobre a história portuguesa dos séculos XIX e XX, o que é positivo. A própria guerra colonial começa a ser tema de filmes, programas de televisão e livros. Mas as novas gerações não são dadas à leitura, dir-se-á e é verdade.

Assim, o reavivar da memória cabe sobretudo às televisões. A RTP já emitiu programas de qualidade sobre a história portuguesa recente, como os de Joaquim Furtado e de Jacinto Godinho. E até transmitiu uma interessante série de ficção sobre o regresso dos portugueses de Angola a Portugal.

São programas caros, que não têm audiências comparáveis às trocas de insultos sobre futebol que ocupam cada vez mais espaço na programação televisiva. Mas são programas indispensáveis à pedagogia democrática.

Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

  • Indignada
    28 abr, 2017 F. Foz 23:41
    Por reavivar a memória, que tal se dissesse que durante o Estado Novo, os criminosos estavam na cadeia..., depois do 25 de Abril, passaram a ocupar cargos de Poder e a cleptocracia instalou-se com o consequente empobrecimento, falência de bancos e empresas, e depois o vive de euro-esmolas. Que antes, não havia criminalidade significativa, tínhamos liberdade de andar na rua sem medo..., depois, passou a ser o contrário! Que antes, Portugal tinha uma elevada taxa de crescimento económico e sem esmolas..., depois foi a estagnação e o viver de esmolas como a Grécia. Que antes, quem emigrava eram os mais pobres, depois passaram a ser os mais qualificados pois Portugal está definhando. Relembrar que o 25 de Abril, promoveu genocídios em Angola e Moçambique com mais de 2 milhões de mortos devido às guerras civis, além de muitos estropiados, orfãos e viúvos, além de uma miséria generalizada. Como recordar uma data que transformou Portugal num espaço governado pela corrupção e cleptocracia, além de um campo de extermínio de bebés=aborto?
  • Ângela Veloso
    26 abr, 2017 Lisboa 19:17
    É triste ver alguém a relembrar uma data que nada tem a ver consigo. Se o artigo escrito em Maio de 1975, constata o seu oportunismo político, o que dizer da fotografia com o cravo vermelho, que acompanha a coluna de opinião? É uma vergonha ver alguém que nada tem a ver com o 25 de Abril, a relembrar esta data.
  • Miguel Botelho
    26 abr, 2017 Lisboa 14:15
    Gostei desta pequena peça trazida pelo comentador Marco Visan e desconhecia a opinião de Francisco Sarsfield Cabral, escrita em 1975. Como os tempos vão longe desses anos tão justos e verdadeiros. Aquilo que posso concluir, é que o oportunismo levou Francisco Sarsfield Cabral a escolher o caminho dos vencedores: o PSD, os patrões gananciosos, a ditadura do mercado, Marcelo Rebelo de Sousa (e o seu ar tresloucado), enfim... Francisco Sarsfield Cabral soube viver à conta da evolução dos tempos.
  • Marco Visan
    26 abr, 2017 Lisboa 12:49
    Reavivemos a memória daquilo que foi Francisco Sarasfield Cabral em Maio de 1975. Num artigo publicado a 9 de Maio de 1975 em «O jornal» diz o seguinte: “Por exemplo, as nacionalizações – passo decisivo na transição para o socialismo – também constituem, a seu modo, medidas de emergência: passando a controlar directamente os sectores estratégicos da economia, o Estado tem agora a possibilidade de dinamizar o investimento e a produção, substituindo-se a centros privados de decisão que, na conjuntura política em que temos vivido, naturalmente eram levados pela sua lógica própria a um retraimento fatal. Assim, a própria mudança de estruturas económicas é imposta pela necessidade de suster o agravamento da crise. Mas isso só encontrará plena justificação se for confirmado na prática – isto é, se o Estado mostrar uma boa capacidade de iniciativa e intervenção. […] Até ao momento, e decorrido pouco mais de um mês desde que o actual Governo tomou posse, os indícios são positivos: têm sido tomadas medidas concretas (em matéria de preços, por exemplo) e parece haver um bom espírito de coordenação entre as várias instâncias do poder – Conselho da Revolução e departamentos governamentais designadamente.” Cuidado com as palavras, Francisco Sarsfield Cabral. Quem o viu e quem o vê agora?
  • António Costa
    26 abr, 2017 Cacém 10:41
    Um jornal da oposição ser fechado era muito duro. As máquinas eram confiscadas, os jornalistas presos e espancados pela PIDE. Os jornais e livros queimados na rua. Naquela época era muito, muito difícil arranjar informação. O queimar livros e documentos significavam uma perda quase irreparável. A "coação psicológica" significava ser perseguido, preso e espancado. Ficar com graves problemas económicos. Infelizmente, os esqueletos de alguns, não ficaram no "armário", ficaram debaixo do chão.
  • António Costa
    26 abr, 2017 Cacém 10:24
    O período de tempo em que decorre a ditadura do chamado "Estado Novo" é bastante grande. O período anterior à II Grande Guerra, foi o pior para as forças democráticas. A derrota do Fascismo no campo militar, no final da II Grande Guerra criou alguma esperança, que foi " Sol de pouca dura". As "potencias ocidentais", mais preocupadas com o avanço da URSS, acabaram por "integrar" e "apoiar" o regime de Salazar. O levantamento popular, em 1958 com o General Humberto Delgado faz estremecer o regime. Os militares saem para a rua e evitam a queda de Salazar. Mas nada voltou a ser como dantes, pois as pessoas tinham cada vez menos medo. Os anos 60s, uma oposição cada vez mais forte e a guerra colonial, foram desgastando cada vez mais o regime. O regime, no inicio dos 70s, tenta "mudar" a imagem com o desaparecimento de Salazar. Mas só os nomes mudam. O regime só terminou com a revolta militar do 25 de Abril de 1974. As pessoas que se opunham ao regime ficavam sem direitos políticos e sem poder trabalhar como funcionários públicos. As pessoas de hoje, tem a Internet, hoje a "censura", o controlo da informação segue um "caminho diferente". Hoje as mesmas informações são "repetidas milhares" de vezes, de modo a existir um "pensamento único". Antes do 25 de Abril a informação era "censurada". Só era dito ou publicado o que uma comissão de censura permitia. Para terminar, a minha homenagem para os cidadãos anónimos, que foram perseguidos, presos, espancados e de que ninguém fala.
  • Alexandre
    26 abr, 2017 Lisboa 08:48
    É inacreditável o seu discurso parcial em relação ao 25 de Abril (de má memória para si, como para muitas pessoas de direita neste país). É uma pena não descrever Sá Carneiro em outros aspectos, como por exemplo, a relação que este teve com a PIDE, na altura em que inquiriu presos comunistas, como Joaquim Pires Jorge; ou quando foi primeiro-ministro da «AD». No entanto, a observação que ontem fez acerca de um comentário sobre a sua passagem pelo «Público», como director, deixou-me em dúvida. O senhor diz que não despediu e que ninguém saiu. No que respeita à coacção psicológica de jornalistas ou pressão para saírem, o senhor nada divulga. Infelizmente, detecto muitos esqueletos no seu armário, Sr. Sarsfield Cabral.