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Francisco Sarsfield Cabral
Opinião de Francisco Sarsfield Cabral
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Desvios democráticos na UE

18 abr, 2017 • Opinião de Francisco Sarsfield Cabral


Bruxelas tem-se mostrado demasiado tímida face a entorses democráticas em Estados-membros.

A perspectiva de vir a entrar na UE levou vários países da antiga órbita soviética a alterarem leis e instituições no sentido da democracia liberal. A Turquia aboliu a pena de morte – mas com Erdogan dotado de plenos poderes e cada vez mais virado para o Islão, irá certamente repô-la.

O problema, agora, são os países que já fazem parte da Europa comunitária (a Turquia provavelmente nunca fará) mas que entraram numa deriva autoritária que não se sabe se e quando irá parar.

É o caso da Polónia, cujo governo interfere no aparelho judicial. E sobretudo da Hungria, onde o primeiro-ministro Viktor Orban considera, com orgulho, o regime político do seu país uma “democracia iliberal”.

Ambos os países, assim como outros da Europa de Leste, rejeitam receber refugiados.

Em 1999, um partido de extrema-direita entrou numa coligação governamental na Áustria. A Europa comunitária reagiu com indignação. A UE congelou os contactos diplomáticos com Viena durante meses. Mas hoje, perante os desvios pouco democráticos na Hungria e na Polónia, a reacção de Bruxelas é tímida e pouco ouvida.

Claro que a presente situação europeia é delicada – com o Brexit, com a possibilidade de a França eleger para presidente da República um, ou uma, eurocéptico/a, com Trump na Casa Branca, com um Putin agressivo, etc. Compreende-se que a UE adopte um perfil baixo nesta altura.

Mas convém lembrar que a ausência de crítica da parte do Conselho Europeu (a Comissão lá vai avançando alguns reparos, mas tem escasso poder) às iniciativas iliberais no interior da UE mina a autoridade moral da Europa e a defesa da democracia liberal.

Comentários
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  • Indignada
    18 abr, 2017 Fig. Foz 22:19
    Este comentarista cada vez é mais um Judas, ou não tivesse elogiado um político de natureza totalitária, mascarado de democrata, como o MSoares. Dúvidas? É ler o livro "Memórias de um PS desconhecido" de Rui Mateus. Parente a invasão fundamentalista muçulmana, que querem destruir a cultura Cristã, é natural que haja quem tenha a sábia capacidade de dizer Não, perante o cobarde comportamento dos euro-governantes, dominados pelo marxismo cultural, pelo hedonismo. Nunca mas ganha juízo?
  • MASQUEGRACINHA
    18 abr, 2017 TERRADOMEIO 18:24
    E não esqueçamos que a Polónia e a Hungria (apesar da sua profunda religiosidade cristã...), têm uma carga histórica e cultural particularmente negativa no que toca a sociofobias várias, com particular relevo para o anti-semitismo - sobretudo a Polónia, mas também muito a Hungria. Como se diz, o tigre nunca perde as suas riscas, e não é decerto por acaso que seja nessas nações que se vê ressurgir, com fervor entusiasta, um malfadado espírito de tribo. Outros países o fazem, é certo - a diferença, que não é questão menor, reside precisamente no dito fervor entusiasta, na banalização colectiva do mal, de péssima memória. Ora, o perfil baixo e a ausência de crítica são também de péssima memória : não foi isso exactamente o que permitiu a Hitler rasgar o tratado de Versalhes e rearmar-se, assim conquistando o fervor entusiasta dos alemães que ainda hoje tanta estranheza nos suscita? Portanto, não, não se compreende que a UE adopte um perfil baixo e acrítico nesta altura - muito pelo contrário, a fazer alguma coisa, e já vai tarde, é nesta altura, que a serpente mata-se é no ovo. E fazer o quê? Bom, de facto deviam de ter pensado nisso antes do imbecil alargamento a países que, de democráticos, têm pelo menos pouca experiência, e de liberalismo social, mau currículo. A UE tem perfil alto e espírito hiper-crítico é para paísesinhos que comem e calam. Para rufiões, para mais oportunistas, rosna baixo e contemporiza. Com pena o digo : a UE é um acto histórico estupidamente falhado.
  • Justus
    18 abr, 2017 Espinho 18:21
    Blá, blá, blá! Nada de novo. As mesmas frases desconexas, respigadas daqui e dali ao sabor das conveniências. Depois é bom rotular as pessoas, os factos e os acontecimentos. Uns são da direita, outros da esquerda; uns professam a democracia liberal, outros a democracia iliberal; uns são europeus convictos, outros eurocépticos; uns são comunistas, outros capitalistas. Rotular pessoas e países é aquilo que vemos onde não devíamos ver. É o dividir para reinar. Claro que isto é próprio dos fracos, daqueles que precisam de ter alguém por trás que os defendam, já que as suas ideias não são defensáveis por si próprias. Por isso, têm sempre alguém que diz:"apoiado", mesmo que não saibam o que estão a dizer. São também frases feitas. Mas será que os EUA, a Rússia, a Turquia, a Polónia, a Hungria não são países democráticos? Não foram os seus presidentes eleitos democraticamente? Talvez a falta de democracia esteja dentro daqueles que pensam que todos os povos têm que ter o mesmo regime político, a mesma religião e a mesma forma de vida. Rotular e dividir os povos para reinar é algo que hoje já não colhe, porque as pessoas não são estúpidas. E sabem que quem andou a aplaudir a invasão no Iraque e noutros países do médio oriente não pode agora vir apontar o dedo à Polónia e Hungria por não quererem aceitar os refugiados criados por essas invasões. Fizeram o mal, reconheçam-no abertamente e não queiram que sejam os outros a remediar e curar os males que fizeram a esses povos.
  • Miguel Botelho
    18 abr, 2017 Lisboa 14:16
    Será que Sarsfield Cabral entende por democracia liberal aquela que diz respeito a Cavaco Silva e Dias Loureiro no poder?
  • João Galhardo
    18 abr, 2017 Lisboa 08:29
    Já agora podemos saber o que o Sr. Sarsfield Cabral entende por democracia liberal?
  • António Costa
    18 abr, 2017 Cacém 08:15
    O imperador Constantino ao tornar o Cristianismo Religião do Estado, fez com que a mensagem cristã fosse "repetida" por centenas de anos. Os "Homens são Iguais" perante Deus foi repetido às pessoas durante séculos! Fez "mossa" e essa é a Grande Diferença! Antes do Cristianismo existir o "Rei" substituía o "Rei", mudava-se de nome e ficava tudo na mesma! Só! É esta a Raiz Democrática da Europa, de "Esquerda", "Direita" às "Riscas", pois para o "europeu comum" é normal as pessoas terem direitos. Os Direitos do Homem são "Universais"! O problema é que nas outras Civilizações não se esteve a "repetir durante 2000 anos que eramos todos iguais e isso fez uma enorme diferença......