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Francisco Sarsfield Cabral
Opinião de Francisco Sarsfield Cabral
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Complicações no Médio Oriente

14 mar, 2017 • Opinião de Francisco Sarsfield Cabral


O “Estado Islâmico” perde terreno mas a situação é extremamente complexa.

O território dominado pelo chamado “Estado Islâmico” é hoje menos de um quinto do que era há um ano e meio. O sonho de um novo “califado” desvaneceu-se, o que não significa menos perigo de ataques terroristas.

Pelo contrário: os radicais islâmicos vão tentar compensar a perda de território intensificando acções terroristas.

Subsistem, ainda, outros problemas. A reconquista de Mosul – cidade do Norte do Iraque – está prestes a ser completada, com a ajuda dos EUA (várias centenas de conselheiros militares no terreno e ataques aéreos americanos).

O grosso das tropas que atacam Mosul é constituído por iraquianos xiitas. Ora é preciso evitar que soldados iraquianos massacrem populações locais maioritariamente sunitas.

Por outro lado, os curdos “peshmerga” têm tido papel relevante no ataque aos terroristas do “Estado Islâmico”. Mas a Turquia hostiliza-os, considerando-os aliados dos curdos que lutam pela independência, recorrendo ao terrorismo, no interior daquele país.

A própria Rússia, protectora do ditador sírio Bashar Al Assad, evita colaborar com os “peshmerga” na luta contra o “Estado Islâmico”. O presidente turco Erdogan esteve há dias em Moscovo em conversações com Putin e este ponto terá sido certamente tratado.

Acresce a toda esta complexidade o imperativo de evitar a desagregação do Iraque, bem como o agravar do conflito entre sunitas e xiitas. Nunca naquela região foi tão complicada a situação.


P.S. Como já aqui disse, não reajo a comentários formulando opiniões discordantes, por vezes com grande agressividade. Satisfaz-me, aliás, obter tantas críticas, sinal de que o que escrevo tem alguma importância. Apenas corrijo factos: não sou professor e não pertenço, nem nunca pertenci, ao CDS-PP ou a qualquer outro partido.

Comentários
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  • António Costa
    15 mar, 2017 Cacém 11:00
    Para Eudes Gouveia, Rio de janeiro: Achei a sua observação/comentário interessante e muito importante.
  • Eudes Gouveia
    15 mar, 2017 Rio de Janeiro 02:28
    Uma observação: Os Peshmergas são a força militar dos curdos iraquianos de direita, pertencentes ao Partido Democrático do Curdistão (PDK) e aliados da Turquia. Os combatentes curdos da Síria pertencem a YPG, forças de defesa do povo e YPJ, força de defesa das mulheres, ambas forças militares do Partido da União Democrática (PYD) da Síria, de esquerda, partido este sim aliado (PKK) dos curdos da Turquia e inimigo desta. Os curdos são hoje a maior nação sem território no mundo, com sua região dentro de fronteiras contínuas na Turquia, Iraque, Síria, Irã, Armênia e mais alguns países. São 40 milhões de pessoas que ficaram de fora no grande acordo pós queda do império Otomano. O governo autônomo do Curdistão Iraquiano e seus peshmergas seguem rumo a independência. Já os curdos de esquerda da Síria em torno do PYD tendem a integrar Rojava, como chamam sua região, como um estado federado da Síria. Os curdos do Irã são duramente reprimidos. Lá existem sessões públicas de enforcamento semanal. A turquia segue a fazer limpeza étnica. Os curdos da Síria foram os que deram o primeiro combate significativo ao Estado Islâmico ao expulsa-los da cidade de Kobane. Também tem uma força de mulheres guerreiras, a YPJ, que participa da frente de batalha em igualdade de condições com os homens. Lá ase pratica a Democracia Direta, anarquista e em praça pública, onde os dirigentes dos Cantões e da Cidades são eleitos e derrubados. São membros, junto com árabes da SDF, Forças de defesa da Síria.
  • Marco Visan
    14 mar, 2017 Lisboa 19:29
    Sabia o cientista Sarsfield Cabral que há militares americanos em Manbij, na Síria? Sabia também que a situação em Mosul (no Iraque) é alarmante, devido aos bombardeamentos americanos? O seu «PS» veio dar uma vitória inesperada aos comentadores que discordam de si.
  • MASQUEGRACINHA
    14 mar, 2017 TERRADOMEIO 19:16
    O Islão vive num verdadeiro estado de guerra intra-religioso: a sua desunião fundamental tornará impossível a refundação do Califado, a não ser num regime de terror, como o recentemente tentado. Um terror exercido sobre crentes da mesmíssima fé, por questínculas de linhagem e coisinhas que tais... Como podemos, nós, infiéis, achar estranho quando esse terror nos é dirigido? Enfim, pelo menos não é preciso dividi-los para reinar. Impossível, parece-me, será convencê-los no futuro, depois de tanta barbaridade de parte a parte, a viverem num mesmo território. E esperemos que o "Ocidente" tenha aprendido com os erros do passado recente, e não pense primeiro (ou apenas) nos dividendos a curto prazo. Gostei do PS do Sr. S. Cabral, e dos esclarecimentos: de facto, começava a sentir alguma curiosidade sobre o professorado - quanto a ser do CDS-PP, nunca me pareceu relevante o partido a que pertencesse, embora em muitos comentários isso surja como um pecado a pagar com língua de palmo. Portanto, fica a língua de palmo do Sr. S. Cabral, mas ao estilo do Einstein. Tende-se a esquecer que um artigo de opinião não é propriamente jornalismo, mas OPINIÃO - e a opinião, tal como o respectivo comentário, é sempre, por sua própria natureza, subjectiva. Quando li o primeiro comentário do JUSTUS, até me assustei: quando li o segundo, senti orgulho reflexo por ele - como é raro acontecer, agradeço-lhe a boa experiência!
  • Luis
    14 mar, 2017 Lisboa 14:09
    Concordo com vários comentadores. EM vários textos que escreve ele revela impreparação e deficiente conhecimento sobre os assuntos.
  • Justus
    14 mar, 2017 Espinho 13:15
    Depois de enviar o meu comentário li, de novo, o PS de Sarsfield Cabral e verifiquei que a minha leitura anterior não estava correcta. Ou seja, quando Sarsfield Cabral diz que "apenas corrige factos", esta frase não vem na sequência do que antes dissera, mas para salientar o que vai dizer ou corrigir a seguir, isto é, a sua situação profissional e partidária. As minhas desculpas pela má interpretação e pelo comentário, neste caso, completamente descabido.
  • Alexandre
    14 mar, 2017 Lisboa 12:59
    Sarsfield Cabral já devia saber que o chamado «Califado islâmico» do «ISIL» foi uma invenção americana para impor uma guerra sem quartel no Médio Oriente e para que os interesses americanos fiquem salvaguardados. Infelizmente, a tentativa de Obama em fazer cair o presidente Assad não correu bem, porque este (ao contrário daquilo que a comunicação social faz pensar) é um homem inteligente, casado até com uma mulher muito inteligente e formada em Oxford. Será que Sarsfield Cabral sabe isto? Como é lógico, não sabe e limita-se a transcrever tudo aquilo que já foi mal informado, desde o «Público» até às páginas do «Destak» (lida por leitores sonâmbulos do metro). O que mais tem piada hoje, nesta sua crónica, é o «post scriptum» deixado no final. Sarsfield Cabral julga que a quantidade de críticas recebidas aos seus textos medíocres, significa que aquilo que escreve tem importância. Nada mais errado. A quantidade de críticas (que não são tantas como aquilo que julga) são o resultado de textos pobres, por vezes até mal escritos ou temas com análise medíocre e que significam uma investigação mal cuidada. O «post scriptum» de hoje significa uma grande vitória para os comentadores que não alinham com o modo de pensar do comentador Sarsfield Cabral. Se alguma coisa conseguimos, foi o seu incómodo escrito (ou exposto) diante de uma perspectiva de pensamento independente e que se afasta totalmente do modo como a comunicação social se apresenta hoje.
  • Justus
    14 mar, 2017 Espinho 12:59
    Já todos sabíamos, mas S. Cabral vem agora confirmá-lo: eu "apenas corrijo factos"! Não precisava de o dizer, porque é aquilo que ele faz nas crónicas e textos que escreve: corrigir factos! Só que os factos não se corrigem, Sr. Sarsfield, os factos narram-se, apresentam-se e, quem sabe e é isento, pode analisá-los. Agora "corrigir factos" é distorcer e deturpar o que realmente aconteceu. Veja bem, Sr. Sarsfield, foi o senhor que disse que corrigia os factos, ou seja, distorce-os e deturpa-os de acordo com o seu interesse que, pelo que temos visto, não é isento. Tal qual a Administração Trump, que critica mas segue à risca, S. Cabral vem dizer-nos, ao fim ao cabo, que a realidade, os factos reais não interessam, o que interessa são os factos alternativos que ele apresenta, corrigidos a seu belo prazer. Depois desta confirmação, nua e crua, já compreendemos melhor porque é que tudo o que Sarsfield escreve não condiz com a realidade, com os factos que aconteceram. E estranhamos que Sarsfiel Cabral se admire por ser muito criticado e até com certo azedume. É que já ninguém aguenta uma maldade destas. Cometer erros, fazer análises de acordo com os nossos princípios, ideologias e sentimentos, ainda se aceita. Agora, corrigir factos para os analisarmos ao sabor dos nossos interesses é coisa lamentável. P. Coelho irritou-se, pôs o dedo em riste na AR. Se este facto é corrigido e, em vez de PC se coloca Costa, todos nós percebemos a manobra fraudulenta e reagimos.
  • Miguel Botelho
    14 mar, 2017 Lisboa 09:06
    Esta análise é aquilo que tem sido dito repetidamente pela comunicação social internacional, a mando dos Estados Unidos da América. Não percebo como é que Sarsfield Cabral trata o presidente sírio por ditador, quando este ganhou as últimas eleições presidenciais com larga maioria. Sarsfield Cabral deveria saber isto, mas limita-se a repetir o discurso imposto ou mais lido. Daí, a sua falta de competência para escrever acerca desta matéria. Por outro lado, os iraquiano xiitas que lutam em Mosul, são isso mesmo, iraquianos. A ideia do ISIL cercar e tomar Mosul é falsa. Esta operação militar americana visa a divisão do Iraque em três parte: Norte, controlada por curdos; Centro (Mosul), controlada por sunitas; e sul, controlada por xiitas. Por fim, a Rússia não colabora com os mercenários «peshmerga» (treinados por Israel), porque estes estão ao serviço dos interesses americanos e israelitas naquela zona do globo.
  • António Costa
    14 mar, 2017 Cacém 08:26
    O maior problema é que a "coligação" de grupos que formaram o autoproclamado Estado Islâmico continuam no terreno. Não se evaporaram nem desapareceram, apenas migraram para outra coligação com um nome "mais pró-ocidental". A "coligação" Estado Islâmico, ao declarar-se "Califado" apenas referiu que os dirigentes dos países que formam o "Mundo Islâmico" lhes devia obediência incondicional.