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José Luís Nunes Martins
Opinião de José Luís Nunes Martins
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​A culpa é a dor do que não fomos

• Opinião de José Luís Nunes Martins


A culpa pisa e repisa. Calca e esmaga. Chicoteia, quase sem fim. Nunca mata, apenas quer prolongar o sofrimento.


A liberdade condena-nos à responsabilidade. Ser livre é decidir, mas é, ainda mais, ter de aprender a viver com todas as consequências das nossas escolhas. Boas e más. A culpa aparece quando nos damos conta de termos sido autores de um mal.

Contudo, muitas vezes somos irresponsáveis… não só não assumimos as nossas faltas como as atribuímos a outros… alguns dos quais as aceitam sem compreender que carregam peso que não é seu.

A falta nunca está no que sentimos, mas no que aceitamos sentir. A culpa também.

O pior da culpa é o espaço e o tempo que abre ao medo. O culpado que tem disso consciência já está a cumprir parte da sua pena, um temor constante que o paralisa, impedindo-o das alegrias mais simples.

A culpa redime-se, não pelo pesar nem pelo remorso, mas pelo arrependimento. Compromisso pelo qual o futuro se altera a fim de lançar um verdadeiro perdão sobre o passado. Quem se perde a justificar-se apenas mascara a sua culpa, dando ao mal ainda mais força e poder.

O arrependimento só tem sentido e valor se, de facto, as decisões futuras obedecerem à nobre vontade de nos aperfeiçoarmos e, recorrendo a todos os meios necessários, não voltarmos a cometer o mesmo crime contra nós mesmos.

A vontade de expiar a culpa é o princípio do seu fim.

A culpa de tanta infelicidade não costuma ser dos outros, mas de nós mesmos.

Nascemos para ser felizes, não para ser escravos do passado, nem do medo ou da culpa.






(ilustração de Carlos Ribeiro)
Comentários
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  • Indignada
    25 fev, 2017 Fig. da Foz 15:55
    Bom artigo..., que encaixa que nem uma luva nos que têm defendido esta cleptocracia mascarada de democracia, que defendem/elogiam políticos que muitos erros, graves crimes, caso da criminosa matança de Inocentes(aborto), vergonhosa descolonização, nacionalizações, assassinato de Sá Carneiro e Amaro da Costa, endividamentos, bancarrotas, emigração descontrolada, pobreza generalizada com falta de medicamentos nos hospitais... Como é possível não haver sentimentos de culpa, tentativa de correcção da situação, arrependimento? Porque a irresponsabilidade dos portugueses é grande! Até quando? Nada de censura, certo?