As aparências e mentiras com que, por vezes, somos tentados a esconder as feridas abertas das nossas fraquezas são remendos.
Quando algo nos fere, rasga ou estraga, o importante é trabalhar nisso, com tudo o que resta, respeitando sempre a nossa integridade anterior e repondo-a na medida do possível. Sem ilusões e aceitando que todos somos frágeis e que, por isso, temos muitas cicatrizes... resultado de golpes que não conseguimos evitar ou de escaladas de violência que tomaram proporções maiores do que julgávamos.
É essencial que cada um de nós compreenda que a vontade de esquecer, disfarçar ou tapar as suas fraquezas com pedaços de vida que não é a nossa é um erro, enorme.
Nenhuma ferida se cura apenas por ser coberta, por vezes isso é apenas uma forma de a agravar. Emendar não é ocultar o defeito, é curá-lo. Dói, sempre e muito, mas vale a pena. Corrigir é superar-se a fim de ultrapassar o erro, assumindo-o e fazendo o necessário para o reparar em nós e naqueles a quem prejudicámos.
Remendar é misturar pedaços estranhos uns aos outros.
A vida é preciosa, íntegra e autêntica, apesar de todas as cicatrizes que são parte de nós, da nossa história e da nossa felicidade. Somos nós.
Aqueles que não assumem os erros próprios como seus e como parte do seu processo de aperfeiçoamento, de tantos remendos que colocam, chegam a um ponto em que já nem eles mesmos sabem quem são. Não têm emenda... são meros remendos em cima de remendos, já se acabaram... são apenas trapos sem história.
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