13 fev, 2017
Em regra, as empresas portuguesas dependem demasiado do crédito bancário, por causa da sua aversão a terem sócios, com o respectivo capital – os gestores receiam interferências no seu trabalho.
Com a banca nacional quase toda dominada por estrangeiros, as empresas portuguesas, muito endividadas, terão mais dificuldade em obter crédito. Mas as raízes do problema vêm de trás.
Na sua versão original, em 1976, a Constituição portuguesa proibia qualquer reversão nas nacionalizações realizadas após o 11 de Março de 1975. Essa absurda proibição, que tinha o objectivo político de colectivizar o país, perdurou até à revisão constitucional de 1989.
Entretanto, as indemnizações atribuídas aos proprietários dos bancos e empresas alvos das nacionalizações foram ridiculamente baixas. Daí que, quando alguns grupos económicos, nomeadamente bancários, regressaram ao país tiveram de se associar a capitais estrangeiros.
Quando a loucura da dívida se instalou entre nós, empresas e bancos ficaram descapitalizados. Para pagar dívidas tiveram de vender activos – e quem os comprou foram quase sempre estrangeiros, pois os nacionais não tinham dinheiro. Assim, quase todo o sector da banca passou para mãos estrangeiras. Não é bom, mas seria pior se o capital externo não tivesse entrado, levando ao colapso dos bancos.
Mas o maior e mais antigo banco português, a Caixa Geral de Depósitos, mantém-se no Estado e assim deve continuar. É a maneira séria de impedir a entrada de estrangeiros.
Pena é que a gestão da CGD nas últimas décadas não tenha primado pela qualidade e, em certos períodos, se tenha mesmo envolvido em jogadas político-empresariais. Esperemos que, com Paulo Macedo ao leme, a CGD cumpra a sua missão.