10 fev, 2017
Várias vezes tem sido apontado, até nesta coluna, o paradoxo de Trump ter sido eleito graças à insatisfação de milhões de americanos da classe média baixa, que vêem os seus vencimentos quase estagnados desde há décadas – e ter formado um governo onde predominam multimilionários. Mas a bolsa de Nova York subiu após a eleição de Trump; começa agora a perceber-se porquê.
Trump iniciou o desmantelamento da regulação financeira criada após a chamada crise do "subprime", que levou à recessão global. O presidente dos EUA eliminou a norma que proibia aos bancos especular por sua própria conta. Colocou entraves à acção do Gabinete de protecção financeira dos consumidores. E vai alterar a lei que impõe aos bancos que actuem em benefício dos clientes. Diz o presidente que faz isto porque empresários seus amigos têm dificuldades de obter empréstimos bancários para os seus excelentes projectos.
Quando Trump assinou estas primeiras medidas de desregulamentação bancária (são só o começo!) a seu lado estavam os presidentes do banco J. P. Morgan Chase e do fundo de investimento Blackstone. Não por acaso.
Ou seja, Trump, que na campanha eleitoral tanto acusou Wall Street, beneficia abertamente os grupos de pressão da finança. Como é frequente acontecer com os populistas, quem sai a perder é a maioria dos que votaram no novo presidente. E que começam a ser traídos.