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Francisco Sarsfield Cabral
Opinião de Francisco Sarsfield Cabral
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A revolução populista

23 jan, 2017 • Opinião de Francisco Sarsfield Cabral


Agora passa o povo americano a mandar, não os políticos em Washington, diz Trump. Como?

Sobre a posse de Trump, Nigel Farage, o político britânico que liderou o Brexit, escreveu: “a nossa revolução está em pleno desenvolvimento!”.

De facto, a crer no novo Presidente dos EUA, não estamos perante uma mera mudança de administração, nem apenas de uma alternância de partidos. Trata-se de uma revolução: o poder é retirado aos detestados políticos de Washington, sendo devolvido ao povo americano.

Eis uma clara manifestação de populismo. Não é novidade na América: há quase 200 anos, o presidente Andrew Jakcson dizia coisas parecidas e por isso é uma referência para Trump.

O problema está em concretizar essa viragem. Trump jurou a Constituição americana e não consta que a democracia representativa seja substituída pela directa. E referendos já vários estados, como a Califórnia, os promovem.

Assim, a revolução anunciada por Trump implica que os governantes se preocupem a sério com a sorte dos pobres e marginalizados ou, pelo menos, com a classe média.

Ora, os multimilionários que integram o governo de Trump, a começar por ele próprio, não têm mostrado preocupações sociais. Vão, até, baixar os impostos sobre os ricos. E não os incomoda cessar o combate às alterações climáticas, com aplauso das petrolíferas, mas legando às futuras gerações um mundo pior.

O populismo tem destas contradições.

Comentários
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  • MASQUEGRACINHA
    23 jan, 2017 TERRADOMEIO 18:45
    E suspeito que não só o Jackson de há 200 anos é uma referência para Trump. Assisti ao primeiro discurso proferido por Hitler enquanto chanceler (no canal História, série "Hitler", 3º episódio, imagens reais). É arrepiante. Cito: "Como este movimento, nunca dependeremos do exterior"; "Na nossa nação, em nós próprios, reside o futuro do povo alemão"; "Só quando nós próprios levantarmos o povo alemão, através do nosso trabalho, da nossa indústria, o povo alemão se levantará". Palavras para quê? A similitude com o "fazer a América grande outra vez" e "a América e os americanos primeiro" e etc., impõe-se por si mesma, de forma suficientemente clara para se perceber outra das fontes do Trump. Quanto ao Sr. M. Botelho, que sempre leio, parece-me, de facto, um bocadinho agressivo para com o articulista. Simpatizarmos com uma causa não significa que não lhe reconheçamos imperfeições ou desvios, e decerto ninguém está condenado a deixar de ter opinião hoje porque a teve diferente ontem. É até uma questão de inteligência e desenvolvimento pessoal, nascida da experiência, do confronto de ideias e da reflexão. Depois, a mensagem não é o mensageiro, embora sempre a subjectividade surja no que se escreve e diz. E ainda que a biografia do articulista possa ter relevância (a tal subjectividade), não é o mais importante, mas sim a opinião que efectivamente exprime, e que nos merece, ou não, ser comentada. O ataque pessoal sistemático não é comentário útil de opiniões: apenas ataque pessoal.
  • Zé Açor
    23 jan, 2017 Açores 14:59
    Muito bem, sr Miguel Botelho! Totalmente de acordo consigo!
  • António Pais
    23 jan, 2017 Lisboa 14:45
    Defina populista? Agora está na moda o termo, como não há argumentos... passou-se de nazi, estrema-direita, etc a populista...
  • Miguel Botelho
    23 jan, 2017 Lisboa 13:04
    Eu espero que esta minha resposta ao Sr. Domingos não seja censurada nem pelo Sr. Sarsfield Cabral, nem pela Renascença. Depois, noto que o Sr. Domingos não tolera a livre opinião e o livre comentário. Não preciso de lavar o meu intelecto e não preciso da sua reprovação gratuita a um comentário que é apenas uma forma de expressão contra aquilo que é escrito e imposto numa coluna de opinião. A diversidade de opiniões faz-se e conquista-se nesta caixa de comentários. Aprenda a viver com a livre opinião em democracia. Oxalá que o consiga.
  • Domingos
    23 jan, 2017 Ancora 11:58
    Constato por aqui, em comentário, um Senhor Miguel Botelho, que deve ter algum problema aflitivo com as opiniões expressas por SC. Penso que o Senhor Miguel!!! deva lavar com urgência o seu intelecto para ser capaz de aceitar a diversidade de opiniões e não andar a poluir as caixas de comentários.
  • Miguel Botelho
    23 jan, 2017 Lisboa 08:52
    Não só o populismo, mas também o capitalismo, muito defendido por si, Sr. Sarsfield Cabral e louvado entre os seus colegas e amigos sociais-democratas. Foram os senhores que insistiram nos Estados Unidos da América como modelo para o Mundo em direitos humanos, democracia e liberdade. Foram também os senhores que fecharam os olhos e nada escreveram sobre os crimes de Abu Ghraib, Bagram e Guantanamo. A América que o senhor Sarsfield Cabral tanto defendia está hoje fracturada e dividida.