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Francisco Sarsfield Cabral
Opinião de Francisco Sarsfield Cabral
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A qualidade do emprego em queda

18 jan, 2017 • Opinião de Francisco Sarsfield Cabral


A aposta na qualificação dos portugueses está nos discursos, não na realidade.

Quando na oposição, o PS e os partidos da extrema-esquerda que agora apoiam o seu governo multiplicaram as críticas ao executivo do PSD e do CDS por este, diziam, pretender relançar a economia portuguesa com base em baixos salários.

Pois, uma vez no poder, o PS (aliás contra a oposição do PCP e do BE) propôs a baixa da TSU das empresas, como contrapartida às que empregarem trabalhadores com o salário mínimo. Ora se isto não é promover a política de baixos salários, não sei o que seja.

A verdade é que, como o economista João Duque assinalou no Expresso no final do ano passado (mas parece que poucos repararam), o desemprego de facto desceu em 2016, mas os postos de trabalho que se criam são na sua maioria de pessoal para funções administrativas não qualificadas.

Pelo contrário, reduzem-se os empregos de alta qualificação técnica e científica. E os profissionais mais qualificados que mantém o emprego vêem os seus rendimentos do trabalho em queda sustentada.

Onde está, então, a aposta na qualificação dos portugueses? Está nos discursos, não na realidade.

Comentários
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  • Leonor Sousa
    19 jan, 2017 Lisboa 09:10
    Excelente texto, que deveria ser o mote para que se pegasse nele e se fizessem as reportagens correspondentes nos media. Mas infelizmente continuamos a ver telejornais de horas, todos a falarem do mesmo, muito em especial do frio no inverno e do calor no verão, além de magotes de jornalistas todos a entrevistarem os criminosos à saída dos tribunais como se fossem vedetas (veja-se o caso do Ricardo Salgado, a ser entrevistado: havia uma jovenzinha jornalista que acenava a sua oca cabecinha a tudo o que o DDT dizia e praticamente até lhe fez uma vénia...) o jornalismo que temos hoje é o resultado dos tempos: um jornalismo escravo, que não consegue nem tem liberdade de falar de si próprio... como poderá falar dos outros e dos seus problemas????
  • Joaqum Santos
    18 jan, 2017 Tojal 22:29
    Há um acordo global para que o trabalhador se contente com o designado ordenado mínimo. A riqueza e a produção concentra-se na mão de muitos poucos, as grandes empresas oferecem os mais simples serviço a troco de um simples seguro mensal, que parecendo um beneficio oferecido no contratos , não é mais que o controle dos pequenos serviços que o nosso vizinho do lado nos prestava, mas que vai deixar de prestar porque mais tarde ou mais cedo, ou fica na miséria ou sujeita-se ao ordenado mínimo do senhor que lhe tirou os clientes a exemplo. Como exemplo tivemos os hipermercados e os pequenos comerciantes.
  • F.Oliveira
    18 jan, 2017 Almada 20:07
    Doutor S. Cabral, se há alguma coisa que nós podemos fazer com o potencial de crescimento económico do nosso país, é diminuir as desigualdades. Porque as desigualdades económicas em Portugal, a pobreza económica, em Portugal, são, hoje, o principal factor que desincentiva o investimento em capital humano. E, portanto, enquanto não resolvermos isto. Enquanto não tornarmos a sociedade Portuguesa uma sociedade mais meritocrática, vai continuar a existir uma larga franja da população que acha que os bons empregos são para os filhos dos papás. Para os filhos das pessoas que têm acesso aos meios dos bons empregos. Portanto, enquanto não combatermos as desigualdades crónicas, a pobreza crónica, nós não resolveremos nem conseguiremos um país capaz de crescer. Os empregos de alta qualificação técnica e científica, esses e aqueles que têm experiência, têm ido para o estrangeiro, em resultado do absurdo cumprimento de regras orçamentais e não só, da União Europeia
  • João Galhardo
    18 jan, 2017 Lisboa 19:42
    O professor Sarsfield Cabral deveria ter mais cuidado nas suas análises, pois está a ser igual ao projecto seguido por Pedro Passos Coelho na Assembleia da República. Vir aqui defender os trabalhadores, quando nunca os defendeu no passado, é manifesta hipocrisia. Portanto, a presente crónica medíocre de Sarsfield Cabral não é honesta.
  • MASQUEGRACINHA
    18 jan, 2017 TERRADOMEIO 18:55
    Tudo certo, mas há uma coisa que ainda não percebi: afinal, a nova baixa da TSU é ou não é só para funcionários, efetivos ou eventuais, com mais de um ano de serviço? É que faz alguma diferença, apesar de tudo, neste verdadeiro incentivo aos baixos salários. Qualquer dia tornou-se normal: aumento do miserável salário mínimo, descida da TSU para os pobres patrões - que já apresentam a coisa em termos de "exigência", se não for assim, têm que ter "compensações"... Quem está a ficar descompensado é, evidentemente, a Segurança Social e o contribuinte, que quando não paga quem deve, paga quem não pode deixar de o fazer. Pelo menos o Coelho dava aos patrões, mas tirava aos trabalhadores, não havia cá descompensações para ninguém. Não percebo nada disto, nem do que o Costa fez (já não chegava a abébia que tinham?), nem do que o Coelho está a fazer... Ou é, em definitivo, um infantilóide, ou é um maquiavel inalcançável... Coitados é dos trabalhadores, que vendem o tempo de vida por patacos, e ainda ignobilmente regateados... Já sei, já sei, até têm muita sorte em ter trabalhinho, que quando chegarem os robôs é que vão ver como elas doem.
  • Juca
    18 jan, 2017 Povoa Sto Adrião 17:44
    Que eu saiba o aumento do salário mínimo vai beneficiar a grande parte dos trabalhadores que já trabalha e não os que procuram trabalho, esses vão ter que esperar.
  • Justus
    18 jan, 2017 Espinho 17:30
    Sarsfield Cabral esqueceu-se, propositadamente, de referir que, no passado remoto e recente, o PSD e o CDS defenderam e puseram em prática a baixa da TSU. Podia ter dito isso e até distorcer as coisas, sublinhando que o fizeram com boas intenções. Mas não, Sarsfield não quer que se saiba que estes dois partidos, sobretudo o PSD e o seu líder, deram uma enorme cambalhota, criticando agora o que defenderam e puseram em prática no passado. Tudo porque não têm princípios nem rumo e o que pretendem é apenas e tão só vingança e nada mais. Para eles, o bem do país e do povo é coisa que não conta, pois somente estão interessados na desforra e na vingança por terem sido apeados do poder, por incompetência e mau governo. Claro que para Sarsfield Cabral e seus apaniguados a baixa da TSU é boa ou má conforme as pessoas que a implementam: se essas pessoas são os nossos amigos e correligionários está tudo certo e é ótimo; se são aqueles que temos por adversários a coisa já muda de figura e tudo é mau e inaceitável. A isto chama-se falta de bom senso, mas sobretudo HIPOCRISIA. E já Cristo dizia: " Ai de vós escribas e fariseus hipócritas!"
  • maria
    18 jan, 2017 lisboa 15:56
    é com muito gosto que o ouço na Renascença ou leio as suas cronicas, pela sua qualidade
  • Vitor Lopes
    18 jan, 2017 Lisboa 14:16
    MIGUEL BOTELHO, no seu comentário o único HIPÓCRITA é você, e mais não digo
  • Jp
    18 jan, 2017 Porto 11:25
    Sem dúvida, foi de tanto pensarem na classe trabalhadora e nos seus direitos, que as desigualdades entre ricos e pobres aumentaram no país e no mundo...