18 jan, 2017
Quando na oposição, o PS e os partidos da extrema-esquerda que agora apoiam o seu governo multiplicaram as críticas ao executivo do PSD e do CDS por este, diziam, pretender relançar a economia portuguesa com base em baixos salários.
Pois, uma vez no poder, o PS (aliás contra a oposição do PCP e do BE) propôs a baixa da TSU das empresas, como contrapartida às que empregarem trabalhadores com o salário mínimo. Ora se isto não é promover a política de baixos salários, não sei o que seja.
A verdade é que, como o economista João Duque assinalou no Expresso no final do ano passado (mas parece que poucos repararam), o desemprego de facto desceu em 2016, mas os postos de trabalho que se criam são na sua maioria de pessoal para funções administrativas não qualificadas.
Pelo contrário, reduzem-se os empregos de alta qualificação técnica e científica. E os profissionais mais qualificados que mantém o emprego vêem os seus rendimentos do trabalho em queda sustentada.
Onde está, então, a aposta na qualificação dos portugueses? Está nos discursos, não na realidade.