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Francisco Sarsfield Cabral
Opinião de Francisco Sarsfield Cabral
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​Juros mais caros

12 jan, 2017 • Opinião de Francisco Sarsfield Cabral


A alta dos juros da dívida pública portuguesa não é um fenómeno passageiro.

O ministro das Finanças considerou “um efeito temporário” a recente subida dos juros da dívida pública portuguesa. Efeito, segundo Centeno, de factores externos – como a incerteza internacional e a baixa liquidez no mercado no fim do ano. O ministro não referiu factores internos que expliquem pagar a dívida portuguesa juros muito superiores aos da dívida espanhola ou italiana. Também não aludiu à limitação das compras pelo BCE da nossa dívida.

Entretanto a Comissão Europeia divulgou uma análise que sublinha a degradação da dívida pública portuguesa em 2016. A médio prazo o risco é mesmo alto.

O que se confirmou ontem, na emissão de dívida a 10 anos, pagando um juro de 4,3%, contra menos de 3% há um ano. É o juro mais elevado desde a saída da troika.

Mas justificou-se a emissão de ontem. Porque parte do dinheiro servirá para abater a dívida ao FMI, que cobra um juro de 4,6% - superior ao juro da emissão. E também porque tudo indica que, por razões externas e internas, os juros exigidos pelos investidores ao Estado português vão continuar a subir. Não é, infelizmente, uma alta momentânea.

Comentários
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  • MASQUEGRACINHA
    12 jan, 2017 TERRADOMEIO 16:32
    Bom, mas o facto é que os juros de TODOS os países subiram, não é verdade? Espanha, Itália, França - até a Alemanha, ao que parece, já está a pagar qualquer coisinha, coitados, que bem precisavam para aliviar um bocadinho o superavit que tanto (n)os incomoda. Portanto, não se trata de um fenómeno que vise particularmente Portugal, alvo de merecidas desconfianças por ser esbanjador e gerinçoncico - mas sim de uma alta de maré generalizada, que a todos atinge. Por isso, haja esperança: em defesa do interesse de algumas das nações atingidas, a maré refluirá, também para todos, e Portugal beneficiará. Pagando sempre mais, evidentemente, mas não nestes níveis de pura e simples usura que ameaçam afogar-nos.
  • João Galhardo
    12 jan, 2017 Lisboa 09:33
    Porque razão o FMI cobra um juro superior ao juro da emissão e porque razão o estado se compromete a pagar este juro? Em vez de criticar o FMI, o professor Sarsfield Cabral critica o governo.