Tempo
|
Francisco Sarsfield Cabral
Opinião de Francisco Sarsfield Cabral
A+ / A-

Um suicídio democrático

09 dez, 2016 • Opinião de Francisco Sarsfield Cabral


Abdicar da ética na defesa da democracia é esquecer o essencial.

Perante a complacência da chamada comunidade internacional, o Presidente das Filipinas, Duterte, prossegue a sua política de combate ao tráfico de droga: matar os suspeitos, sem julgamento.

Diz ele que Trump aplaude esse método expedito – embora eticamente repugnante e contrário ao Estado de direito.

Trump não desmentiu tal apoio. Não admira, dados os valores pelos quais ele se rege. Durante a campanha eleitoral, Trump defendeu a tortura a suspeitos de terrorismo. Depois mudou de ideias, influenciado pelo seu futuro Secretário da Defesa, general James Mattis. Este ter-lhe-á explicado que a tortura não é eficaz na recolha de informação verídica. Ou seja, não foram valores morais que convenceram Trump, mas mero pragmatismo.

Ora, abdicar da ética na defesa da democracia é esquecer o essencial. Se os antigamente denominados “líderes do mundo livre” vão por esse caminho, não admira a crescente influência de regimes e políticos autoritários, que não respeitam normas básicas do Estado de direito – Putin na Rússia, Erdogan na Turquia, Orban na Hungria, etc. É um suicídio democrático.

Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

  • MASQUEGRACINHA
    11 dez, 2016 TERRADOMEIO 18:46
    O articulista tem toda a razão, sobretudo quando releva o cinismo pragmático de aparentes valores morais, e o caminho de verdadeiro suicídio democrático em que estamos a singrar - fundamentalmente, por falta de ética política, que tudo o resto vem por arrasto. E esta é uma questão, talvez "a" questão crucial do nosso tempo: como recuperar ou fundar uma ideologia ética que compreenda os desafios da actualidade. Os artigos de S. Cabral são, muitas vezes, demasiado curtos para as temáticas que aborda, aparentando superficialidade e generalização excessiva. Seria interessante lê-lo numa análise mais aprofundada.
  • Ângela Veloso
    10 dez, 2016 Porto 18:41
    Ou estou enganada ou este é o pior artigo alguma vez escrito por Sarsfield Cabral.
  • john
    09 dez, 2016 aveiro 23:13
    A julgar por muitos comentários aqui postados, a ética (tema do artigo) não interessa mesmo!
  • Manuel Costa
    09 dez, 2016 Agueda 22:03
    Eu cumpro as regras mas parece que, no IOL, quando não se está a favor do governo PS, os comentários raramente são publicados. Quando apoio qualquer iniciativa do PS já é publicado. Como não tenho "clube" e comento conforme é minha opinião, espero que o SAPO seja imparcial e publique!?... Espero que no SAPO os comentários sejam publicados, desde que se cumpram as regras referidas, mas sem se preocuparem
  • Justus
    09 dez, 2016 Espinho 18:31
    De um momento para o outro temos Sarsfield Cabral a escrever, dia sim dia sim, sobre democracia! Pesadelos na consciência? O estranho é focar-se em países que têm regimes democráticos, com os EUA, a Rússia, a Turquia, a Ungria e deixar de lado aqueles em que predomina a ditadura. Tal qual o que se passou em Portugal, quando alguns, muito poucos, se insurgiram contra a ditadura, ao passo que outros, muitos outros, calavam-na e consentiam-na. E agora até falam, falam e falam, sem saber bem o que dizem. Colocam na boca das pessoas palavras que elas nunca disseram e atribuem-lhes ideias que nunca passaram pelas suas cabeças. Depois é fácil criticar. O presidente das Filipinas diz uma coisa e, para Sarsfiel Cabral, Trump tinha logo que desmentir. Como não desmentiu, concordou com o presidente. E se concordou, não é nada democrático. Que democracia é esta? Se eu disser aqui que Sarsfield é analfabeto e ele não desmentir, porque não o é e, sobretudo, porque está no seu direito de não responder, posso logo concluir que é mesmo analfabeto? Meu Deus ao que chegamos! Trump, com quem não simpatizo, é criticado por Sarsfield Cabral por dizer e por não dizer, por desmentir e por não desmentir. Está na moda e fica bem criticar Trump. Mas será que as criticas de Sarsfield Cabral a Trump são mesmo sinceras? Tenho muitas dúvidas.
  • João Galhardo
    09 dez, 2016 Lisboa 14:04
    Quatro pequeno parágrafos para explicar muito pouco acerca deste assunto. Noutro canal de informação, este texto seria muito insuficiente para ser publicado. Na Renascença, um artigo como este é publicado e o seu autor tem direito a cinco colunas de opinião por semana (com excepção dos feriados). Não acredito que a Renascença seja um canal de informação pouco exigente e acredito que fará tudo para substituir alguém capaz de informar e esclarecer melhor do que Sarsfield Cabral.
  • António Costa
    09 dez, 2016 Cacém 12:17
    Num comentário seu anterior, explicou muito bem de que Putin tinha ganho as eleições nos EUA,. Os EUA não são a maior Democracia do mundo? Se o "nosso" amigo Putin "consegue ganhar fora de casa", contra tudo e contra todos então em casa devem ser "favas contadas", não? Depois da sua "explicação", ficou claro porque é que Putin, na Federação Russa obtêm sempre votações tão elevadas....
  • Miguel Botelho
    09 dez, 2016 Lisboa 09:26
    Putin na Rússia??? Será que pode dar exemplos, por favor?