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Francisco Sarsfield Cabral
Opinião de Francisco Sarsfield Cabral
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Angola e a democracia

05 dez, 2016 • Opinião de Francisco Sarsfield Cabral


A liderança vai mudar, mas a democracia continua longe do povo angolano e a liberdade de expressão parece mais ameaçada.

José Eduardo dos Santos não se candidatará às eleições presidenciais de Angola em 2017. E já existe um sucessor indicado. A confirmar-se esta notícia, José Eduardo dos Santos porá fim a 37 anos de Presidência.

Ao longo desse período, com a morte de Savimbi cessou a guerra civil. Mas a democracia continua longe do povo angolano. Recordem-se as recentes perseguições a alguns jovens contestatários.

E a liberdade de expressão, que nunca foi muita em Angola (vários jornalistas foram condenados por difamação ao abrigo de uma lei de 2006), está agora ainda mais ameaçada por uma nova lei da comunicação social.

Quem o diz é a organização Human Rights Watch, que alerta para que o Ministério da Comunicação Social irá supervisionar como os “media” cumprem as recomendações editoriais do Governo, punindo quem as violar.

Claro que não é fácil a instauração de regimes democráticos em África. Até na África do Sul, depois da presidência do homem excepcional que foi Nelson Mandela, se regista um continuado recuo no carácter democrático do regime. Mas a mudança de Presidente em Angola talvez traga uma pequena abertura.

Comentários
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  • Alexandre
    05 dez, 2016 Lisboa 20:30
    O problema com este artigo é que evidencia uma grande dose de paternalismo em relação aos países de África.
  • MASQUEGRACINHA
    05 dez, 2016 TERRADOMEIO 19:42
    O maná do petróleo está a acabar, a Sonangol estrebucha, os bancos recusam-se a abrir contas para os membros da "elite" angolana, e até os convidam a deixar de ser clientes (parece que só descobriram agora a proveniência duvidosa do dinheiro, pois claro), e o Zé Eduardo vai-se embora, por desapego ao poder (idem pois claro). Continuarão as senhoras da "elite" angolana a ajudar a nossa depauperada economia saindo carregadas de sacos das lojas de hiper-luxo da Av. da Liberdade? Veremos. Um país recente, Angola, mas que conseguiu alcançar o invejável objetivo de se tornar quase uma caricatura. Com semelhantes "elites", não precisam lá de colonialistas para nada, a não ser como auto-justificação para as ditas "elites". Não compreendo o teor de alguns comentários: é por serem africanos, por terem uma cultura diferente, que não devem aspirar à democracia ou a ter liberdade de expressão? Para lá das imperfeições flagrantes do sistema social e político de tipo ocidental, cá estamos nós a discuti-lo, a comentá-lo, talvez a tentar aperfeiçoá-lo... Os povos não são todos iguais (e ainda bem!), mas existem valores universais (desde gregos e troianos, aliás) que deveriam estar acessíveis universalmente, nem que mais não fosse para poder recusá-los... democraticamente. Ou será que as "elites" de tipo angolano fazem parte de algum género privado de democracia de tipo africano?
  • Justus
    05 dez, 2016 Espinho 17:13
    Isto de alguns escribas, como Sarsfield Cabral, pensarem que a democracia é igual para todos e tem as mesmas cambiantes, quer sejamos gregos ou troianos, é não perceberem nada de política. Os povos não são todos iguais, não têm todos os mesmos princípios, a mesma cultura, os mesmos sentimentos e os mesmos fins. Entre a África e a Europa há muitas e muitas diferenças. Então porque é que na cabecinha de Sarsfield Cabral a democracia (e já nem sequer questionamos se, em si, este sistema é bom ou mão) tem que ser tal e qual aquilo que ele pensa, ou seja, uma democracia conforme é seguida num ou noutro país que ele escolhe como paradigma. Sr. Sarsfield, Angola é um país muito recente, tem tantos anos de existência como país soberano quantos Portugal teve de ditadura Salazarista que o Sr. nunca criticou. Dê tempo ao tempo e não julgue que a democracia é o sistema de governo ideal para todos os povos e para todo o sempre.
  • Augusto Ricardo
    05 dez, 2016 Cacem 15:11
    Bom.. é difícil a instauração da democracia não só em África mas em todo o mundo !! É curiosos verificar que existem no mundo vários tipos de democracia aplicável !! O mesmo se aplica à liberdade em todos os campos !!! Como dizia há dias em televisão um jovem angolano : É PRECISO EDUCAÇÃO !!! Mesmo em Portugal a maioria desconhece o teor fundamental da liberdade e da democracia ! Veja-se o exemplo de um jovem que quando foi questionado pelo dia 1º.dezembro respondeu que não sabia mas que era feriado !?!?!?! O cognitivo está para a vida como o pão para fome !
  • José
    05 dez, 2016 Oeiras 14:06
    Porque será que a democracia em Angola preocupa esta gente? Muito se tem feito por implementar a democracia em Angola, um país que viveu mais de 40 anos de guerras, uma de libertação do colonialismo outra para tentar que Angola fosse só um país e não vários estados. Sentimos que nestes últimos anos alguma coisa está a ser feita para que a democracia seja implantada e nos próximo ano vai haver eleições. Olhem para alguns países do Médio Oriente, Ásia, África e América Latina onde as ditaduras continuam implantadas e não se vêm tantos críticos a manifestarem-se.
  • Marco Visan
    05 dez, 2016 Porto 13:45
    O texto de Francisco Sarsfield Cabral Política disfarça um certo autoritarismo perante os africanos que foi prática durante os tempos do império.
  • Miguel Botelho
    05 dez, 2016 Lisboa 09:03
    Artigo colonialista e paternalista em relação aos nossos irmãos africanos. Francisco Sarsfield Cabral já não dá conta do enorme embaraço que os seus artigos causam na «Renascença».