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João Ferreira do Amaral
Opinião de João Ferreira do Amaral
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​Já tarda

25 nov, 2016 • Opinião de João Ferreira do Amaral


Foi-nos prometido um debate nacional sobre o futuro da União Europeia e sobre a posição a ocupar por Portugal nesse futuro.

De facto, já tarda.

Foi-nos prometido, inclusive em comunicado de uma reunião do Conselho de Estado, que iria haver um debate nacional sobre o futuro da União Europeia e sobre a posição a ocupar por Portugal nesse futuro.

Até agora, nada. É bem possível que esse compromisso vá parar ao mesmo arquivo morto onde caíram as promessas sucessivas de referendos inexistentes.

A verdade é que já há pouco tempo. Em Março de 2017, a propósito do sexagésimo aniversário da integração europeia está prevista a divulgação de um documento das instituições comunitárias com propostas sobre o futuro da União.

Qual será a posição de Portugal face a esse documento? Continuará o caminho absurdo que trilhámos desde 1992 de fazer parte do núcleo mais avançado da integração? Caminho que nos tem destruído e que põe em causa a sustentabilidade de Portugal como entidade política autónoma, assim reconhecida pela comunidade internacional? Ou imporemos finalmente algumas linhas vermelhas à transferência de soberania para os órgãos comunitários, de modo a garantir instrumentos suficientes de auto-governo para o nosso país?

Todos nós cidadãos portugueses temos o direito – quase diria o dever - de exigir às autoridades portuguesas que, por uma vez, em assuntos tão decisivos para o nosso futuro, cumpram a sua obrigação democrática de dar a palavra ao povo e que não decidam sem um referendo, precedido por um amplo debate. Em democracia representativa, os órgãos de soberania exercem o poder em nosso nome. Mas não têm mandato para entregar esse poder a outrem sem a nossa anuência expressa.

A táctica sonsa de esconder a questão, de deixar andar para, no fim das decisões europeias, argumentar que não há outra alternativa, serviu no passado os interesses de algumas elites, mas prejudicou fortemente o nosso País. Não podemos admitir que tal volte a acontecer.

Comentários
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  • MASQUEGRACINHA
    26 nov, 2016 TERRADOMEIO 21:52
    A posição de Portugal face a esse documento dependerá, sem qualquer dúvida, da posição desse documento face a Portugal... Ou seja: não me surpreenderia que Portugal não venha a ter motivos para traçar quaisquer linhas vermelhas, pois que se verá "documentalmente" arredado desse tal núcleo mais avançado a que nunca, evidentemente, pertenceu, nem tinha que pertencer - nem saberia pertencer, aliás, como ficou bem provado. Quem traçará as linhas vermelhas quando o tiver por conveniente será, como sempre, quem pode fazê-lo - como diria o inefável Junker. Sairmos do euro, ou passarmos ao eurinho, serão sempre decisões que nos serão impostas. Soluções como as que o articulista avança, sendo inteligentes e exequíveis, são demasiado exigentes para um povo e para políticos que têm em alta consideração a sua própria adaptabilidade - que chamar-lhe miopia ou até simples cobardia é, of course, um manifesto exagero de gente que "não percebe". Agradece-se a lucidez e perseverança de J. Amaral.
  • Eduardo Rocha
    26 nov, 2016 Lisboa 20:53
    O sistema vigente, alicerçado na União Europeia, no Euro e no Estado Gordo Sobreendividado está condenado a colapsar de uma vez por todas! E quanto mais depressa o dito sistema colapsar, melhor! Porque menor será o rasto de destruição que deixará! O novo sistema que deverá emergir dos escombros, deverá alicerçar-se em Estados Soberanos, Independentes, com Moeda Própria, Contas Publicas na Ordem e Abertura a Acordos Igualmente Vantajosos com os outros Estados Soberanos Estrangeiros. Já basta de uma UE constituída por Estados lacaios da Alemanha! Já chega de paus-mandados, espoliados, escravos e comodistas, à espera que uma qualquer troika ou uma qualquer directiva de Bruxelas digam como governar! Mas objectivo dos senhores do mundo (Clube Bilderberg e afins) é "evoluir “ ainda mais (depois de terem “evoluído” dos Estados Soberanos Independentes para a criação de blocos regionais como a UE) para uma NOVA ORDEM MUNDIAL assente na criação de uma espécie de ESTADO MUNDIAL DITATORIAL com: Governo único, Constituição única, Moeda única, Exército único… Tal ditadura mundial possibilitaria que os senhores do mundo (1%) se tornassem ainda mais poderosos e ricos à custa da restante população mundial (99%) cada mais escrava e pobre!
  • joao123
    25 nov, 2016 lisboa 18:37
    Com a dívida que temos ,não por causa do euro mas porque se deslumbraram com os juros baixos que este trouxe e gastaram o que não deviam, a esta hora se estivesse-mos no escudo estávamos com uma inflação de 20% ou 30% e com os juros a rondar esses valores ( já passamos por isso embora os portugueses tenham memória curta ) .
  • Manuel machado
    25 nov, 2016 Oeiras 11:16
    Apoiado! Não há duvidas . O que vai acontecer o sr Luis Cabral, é isso mesmo. Os portugueses andam "muito" (?) distraidos com o Fotebol, as telenovelas da treta...mas o futuro a Deus pertence. Aliás é isso que estes politicos da treta querem...! Obrigado pelo alerta ...!