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Henrique Raposo
Opinião de Henrique Raposo
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Nem ateu, nem fariseu

O cristão deve aproximar-se do gay

18 nov, 2016 • Opinião de Henrique Raposo


A homossexualidade não é uma doença nem uma escolha, logo o católico deve aproximar-se do gay, até porque há imensos gays católicos que sofrem em silêncio.

É verdade que muitos autoproclamados líderes LGBT são arrogantes, assumindo a atitude de generais de uma vanguarda de costumes que rotula de “homofóbica” qualquer pessoa que ouse questionar a causa. É verdade que algumas instituições e partidos usam a agenda LGBT apenas e só para humilhar a igreja e os católicos – recorde-se o caso recente do cartaz do Bloco de Esquerda. É verdade que há argumentos válidos para recusar o casamento civil de gays e esses argumentos não revelam necessariamente homofobia. É verdade que um casamento gay na Igreja não faz sentido e defender isto não é homofobia. Mas nada disto justifica os casos de homofobia de muitos cristãos.

Ainda há dias um padre italiano afirmou que os sismos em Itália são uma resposta de Deus à legalização da sodomia. Mas qual é a parte do evangelho que este padre não compreendeu? Como é que o evangelho da misericórdia se reconcilia com esta visão vingativa de Deus? Esta declaração pode ser muita coisa, mas não é cristã.

Depois há o caso da psicóloga católica que defende uma ideia que ainda corre forte em certos sectores católicos: a homossexualidade é uma doença e, como tal, pode ser curada. É como se a homossexualidade fosse um erro técnico que pode ser corrigido para assim devolver aquele pobre coitado à normalidade. Lamento, mas a homossexualidade não é uma doença física ou mental.

Em paralelo, outros católicos acreditam ainda que a homossexualidade é uma escolha, logo um pecado consciente. Ou seja, assume-se que aquele homem escolheu ser gay como escolheu ser bombeiro ou médico; reforça-se este ponto com a ideia de que ele escolheu ser gay só para fazer pirraça à igreja, aos católicos, ao status quo, à normalidade, à natureza, à criação, etc. Neste ponto, diga-se que estes católicos se limitam a seguir a argumentação da esquerda politicamente correcta que tem dito que a sexualidade é uma mera construção social.

Nem católicos nem esquerdistas têm razão. O homem gay sente desejo por homens da mesma forma que eu sinto desejo por mulheres, é químico, é biológico, é carnal. A luxúria não se inventa por decreto.

A homossexualidade não é uma doença nem uma escolha, logo o católico deve aproximar-se do gay, até porque há imensos gays católicos que sofrem em silêncio. Esta é a minha posição como católico. Estou disponível para que me tentem convencer do contrário. Mas, mesmo que eu esteja errado, mesmo que a homossexualidade seja um pecado, o meu dever como católico não muda um milímetro.

Não veio Cristo à terra para estar junto dos pecadores? Não veio Cristo à terra para estar com prostitutas e cobradores de impostos? Não veio Cristo à terra para criticar os beatos (fariseus) que se julgam donos da moral e que passam a vida a destilar fel? Se partirmos da premissa (errada) da homossexualidade como escolha e pecado, então o dever da aproximação não desaparece. Pelo contrário, sai reforçado.

Nesse cenário, o dever do cristão passaria sempre pela aproximação e compreensão pelo alegado gay pecador, porque a misericórdia não pode ser apenas económica. A misericórdia não é apenas dar uma esmola ou fazer voluntariado com pobrezinhos. Tem de haver uma esmola moral, digamos assim; tem de haver misericórdia em relação às pessoas que têm um comportamento diferente do nosso. Isso é que é misericórdia.

Comentários
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  • Francisco Brito
    02 dez, 2016 Br 23:43
    Caro Henrique, subscrevo bastante do que diz mas acho importante o comentário da Margarida. Sei que o Henrique abomina, e bem, o politicamente correcto e é pela realidade, por mais dura que ela seja, pelo que talvez esta minha achega possa interessar-lhe. A tendência homossexual foi extensamente estudada e documentada no passado por especialistas antes da existência da pressão para banir a homossexualidade do foro médico. Era sabido que a atracção homossexual tem geralmente origem em factores de origem física (hormonal, etc), psicológica (devido a experiências que condicionaram de algum modo o desenvolvimento habitual da componente sexual/afectiva). E existem de facto metodologias (ou o que lhe queiramos chamar) que em muitos casos, devidamente documentados, conseguiram induzir a mudança da atracção homossexual para hetero. Numa altura em que a sociedade abraçou a ideologia de género, segundo a qual cada um se autodetermina nessas questões, parece-me no mínimo incongruente querer impedir que alguém com uma indesejada tendência homossexual possa procurar ajuda especializada para induzir a tendência heterosexual. Infelizmente é esta intolerância que está a alastrar em muitos países. Em muitos sítios, se eu quiser mudar de sexo posso fazê-lo à custa do estado mas estou proibido de procurar alguém que me ajude a inverter uma tendência homossexual que não desejo. Julgo que a origem desta abordagem intolerante reside precisamente na recusa d que essa tendência possa ser revertida
  • Margarida
    20 nov, 2016 Cascais 16:12
    Antes de 1990 a OMS considerava a homossexualidade uma doença. Penso que não existe consenso acerca das razões porque alguém sente instintivamente atracção por pessoas do mesmo sexo. Pode ter origem hormonal, trauma de infância ou outros. Conheço um caso concreto de uma pessoa que sempre foi heterossexual, casou teve filhos e numa determinada fase da vida começou a sentir atracção por pessoas do mesmo sexo. O médico descobriu que tinha um tumor no cérebro. Foi operado e voltou a sentir atracção heterossexual.
  • Alexandre
    19 nov, 2016 Lisboa 22:26
    Este já não é o tempo de reclamar pelos direitos humanos nos «call centers» ou pela escravatura introduzida pelo capitalismo predador que existe no mundo ocidentalizado. Para se mostrar capaz, o melhor é deixar crescer a barba e retocá-la, como fazia António Variações; arranjar um amigo também de barba retocada e chocar a sociedade, com cenas impróprias para votantes no «Pafistão». Quais direitos dos trabalhadores? O novo rumo é agora a cobardia dos pequenos actos discretos e fingidos (copiados pela Facebook, twitter e you tube).
  • Eduardo Rocha
    19 nov, 2016 Lisboa 20:43
    Em suma: A homossexualidade foi, é e vai continuar a ser uma perversão e não vai deixar de o ser só porque isso passou a servir determinados interesses políticos obscuros disfarçados de benevolência. Apenas sociedades pervertidas geram cada vez mais gays e lésbicas! Em sociedades mais saudáveis tal não seria possível!
  • Eduardo Rocha
    19 nov, 2016 Lisboa 20:37
    O fomento do gaysismo/lesbianismo é apenas uma das muitas técnicas que alguns particularmente poderosos do mundo utilizam para perverter e fragilizar a sociedade de maneira a que os indivíduos sejam mais manipuláveis e escravizáveis: se nunca ouviram falar de Engenharia Social, Marxismo Cultural, Idiotas Úteis ou de institutos como o Instituto Tavistock de Londres, pesquisem, e deixem de ser parvos e ignorantes para o vosso próprio bem!
  • Eduardo Rocha
    19 nov, 2016 Lisboa 20:33
    A Propaganda gay (via novelas, séries de televisão, revistas do mundo cor-de-rosa, reallity shows, etc.) transformou o anormal em normal e pôs na moda a homossexualidade… Grande parte dos gays/lésbicas são vítimas destes e doutros condicionamentos mais ou menos subtis e mais ou menos inconscientes que os impelem para uma sexualidade pervertida, julgando estar a optar por esse descaminho por si mesmos.
  • MASQUEGRACINHA
    19 nov, 2016 TERRADOMEIO 18:40
    Gostei do artigo, e mais da coragem de H. Raposo em escrevê-lo. Aborda, muito pela rama, é certo, questões que são e serão sempre tabu para muitos católicos (e não só, como se verifica pelo teor de grande parte dos comentários). No entanto, conseguiu explicar o seu ponto de vista, ao que me parece: o problema não reside no facto de se considerar ou não a homossexualidade como pecado, mas sim na forma como o católico lida com o seu irmão, ainda que o considere pecador. E não posso senão concordar com o que escreve, na suposição de que é sincero. Pois que quando fala na "esmola moral" devida, por misericórdia, a quem tem um comportamento diferente do nosso, algo em mim se retrai, se arrepia... A esmola pressupõe sempre a dádiva a alguém que a necessita. Ora, no caso em apreço, a pobreza moral, digamos assim, não me parece (e acho que também não parece ao articulista) estar do lado dos diferentes... Acaba tudo por soar um pouco a oco, a complacência, a paternalismo, tanto quanto a católicos como a homossexuais. De facto, o que é preciso lembrar, o que precisamos todos de lembrar, é que o perdão, a esmola, a misericórdia mais difícil de praticar é, muitas vezes, aquela que nós próprios necessitamos e que só nós podemos dar a nós mesmos.
  • a
    19 nov, 2016 a 18:36
    Não vás ao médico, não!
  • João Lopes
    19 nov, 2016 Viseu 16:43
    A homossexualidade é uma forma deficiente de manifestar a sexualidade. Mas os homossexuais são pessoas humanas, merecem respeito e compreensão, No entanto há um ambiente tal, que alguém que manifeste opiniões legítimas contra a homossexualidade é logo considerado homofóbico. O movimento LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgéneros) – e aqueles que cederam já às suas pressões – afirmam que não pode haver tabus, mas eles próprios criaram um novo tabu: é proibido debater sobre a homossexualidade!
  • Vera
    19 nov, 2016 Palmela 03:36
    Ó Henrique Raposo, não acha que neste texto você está a passar dos limites? está a ofender os católicos! Jesus Cristo, não veio para se enfiar no meio de gente doida, veio para acabar com a escravatura! Agora, eu vou conversar consigo, longe dos católicos ou dos cristãos! - sabe como se chamava no meu tempo de rapariga, um rapaz que, enfim, você chama 'atracção' por outro rapaz? chamávamos de mariazinha! porque era feio dizer o nome correcto: 'maricas', que é o mesmo que medricas, fraco das ideias, invertido (às avessas)! esses rapazes eram travesti/dos e frequentavam locais só para eles, de porta fechada! porque senão iam presos. Os trabalhos domésticos eram reservados às raparigas e os trabalhos de oficinas e do campo eram reservados aos rapazes (com excepção das ceifeiras); as escolas eram masculinas, onde além do curso geral, se aprendiam trabalhos masculinos e as escolas femininas, onde além do curso geral, se aprendiam trabalhos femininos: tricôt, culinária, como pôr uma mesa, num dia de festa! como coser roupa... No meu ver, foi isto que deu origem a que os mariazinhas, não fossem mariazinhas! porque não aprenderam a fazer bordados, nem coser à máquina... aprenderam a fazer a barba todos os dias, para não se esquecerem que eram diferentes das raparigas! e que as diferenças entre eles, os atraía! Agora, aquilo que aprendiam por de baixo dos lençóis, aprendem juntos nas escolas, metem-se em encrencas! e os fracos,que fogem das encrencas, facilitam(às avessas)! entendeu?