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Maria Rosário Carneiro
Opinião de Maria Rosário Carneiro
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​A indiferença é impossível!

18 out, 2016 • Opinião de Maria Rosário Carneiro


A população está mais escolarizada e tem acesso a informação que poderia ter contribuído para um maior esclarecimento e consequentemente para a necessária consciencialização e mudança de pensamento e comportamentos.

Corro o risco de parecer obcecada, como me é por vezes insinuado, mas a verdade é que nas últimas duas semanas fui confrontada com atitudes permanentes de desinteresse, enfado e incómodo que demonstram como é longo e difícil o caminho para a igualdade, e que me levam a voltar ao tema.

Quando comecei a trabalhar nesta área, deparei-me com estas mesmas atitudes. Mas o país entretanto progrediu muito em matéria legislativa e de definição de políticas públicas. A população está mais escolarizada e tem acesso a informação que poderia ter contribuído para um maior esclarecimento e consequentemente para a necessária consciencialização e mudança de pensamento e comportamentos.

Infelizmente, os números da desigualdade entre mulheres e homens persistem e, em situações de crise, como a que vivemos, agravam-se. Apesar das campanhas e das medidas postas em prática, esta realidade mantém-se e piora pelo silenciamento a que assim se vêem constantemente obrigadas todas as formas de opressão que quotidianamente ferem profundamente a dignidade de cada mulher e violam os direitos humanos. Desinteresse, enfado e incómodo são pois atitudes incompreensíveis.

Pertencemos a uma civilização que elegeu a dignidade de cada pessoa como estruturante da nossa organização, que consagrou a igualdade entre homens e mulheres como direito fundamental. A sua realização é determinante para a sustentabilidade das comunidades e do seu desenvolvimento. Este é, aliás, um compromisso assumido a todos os níveis, internacional, regional e nacional. O seu incumprimento representa uma tremenda violação aos valores fundamentais e um tremendo risco ecológico.

Não vou citar de novo os números avassaladores que tenho referido em muitos dos artigos que escrevi, que bem encontramos em relatórios técnicos, estudos científicos, notícias diversas. Vou relembrar somente que a Organização das Nações Unidas definiu como um dos objectivos estratégicos do desenvolvimento sustentável a igualdade entre mulheres e homens, que o Governo português elegeu como prioritário.

A indiferença, o faz de conta, contribui para a invisibilidade, retarda a intervenção necessária e urgente.

O desinteresse, o enfado e o incómodo agridem.

Comentários
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  • Roberto Moreno
    18 out, 2016 Lisboa, Portugal. 15:16
    Concordo, plenamente, com o leitor António Costa ao afirmar o seguinte: - O monopólio dos média por "meia dúzia" de indivíduos permite, que na aparência exista uma enorme "liberdade de escolha," mas toda essa abundância é apenas redundância. - Pois é, o jornalista, na realidade, apenas publica o que o dono do jornal permite. - E, no âmbito da manchete desta notícia - "A indiferença é impossível", sugiro que a jornalista Maria Rosário Carneiro, ouça o Roberto Moreno, presidente da Fundação Geolíngua, o que o mesmo têm para dizer do profissionalismo da Renascença, no âmbito do que têm sido fornecido à alguns jornalistas da Renascença, e que insistem em ficar indiferentes e a boicotar o que lhes é novamente, oferecido. E, até, sou censurado quando coloco comentários citando o nome do "jornalista" que sabe de tudo o que estou a dizer, pois ouviu-me pessoalmente no dia 18 de Abril de 2011, às 12h. e, está fartamente documentado sobre o que está a se passar com a nossa Fundação e a "Justiça" e a Imprensa à portuguesa. Uma das propostas é o projeto ENDOECONOMIA (ver no Google esta palavra) no âmbito de uma Globalização mais justa e autossustentável e o outro tema é o Caso Fundação Geolíngua e o hotel Sheraton de Lisboa. - Estou à disposição de jornalistas com profissionalismo e coragem, é só ligar-me.
  • António Costa
    18 out, 2016 Cacém 09:23
    "...mais escolarizada e tem acesso a informação..." é verdade, mas "ter acesso" é uma coisa e estar informado é outra! Tempo, e o tempo? Passou-se de uma situação em que o acesso à informação era difícil até ao "extremo" de hoje em que esta é "despejada" em doses industriais! Além de que o que acontece é uma repetição de "slogans" e "palavras de ordem". O monopólio dos média por "meia dúzia" de indivíduos permite, que na aparência exista uma enorme "liberdade de escolha" mas toda essa abundância é apenas redundância. Passou-se de "um canal" para "200 canais", mas que apenas repetem o que o mesmo dono diz.....