15 ago, 2016
Bronzeado, muito bronzeado, Pedro Passos Coelho chegou à Festa do Pontal, em Quarteira, com ar calmo e descansado, como se tivesse todo o tempo do mundo. À entrada, quando parou para falar à comunicação social, perante a observação de um jornalista sobre a cor do seu bronzeado, o líder do PSD disse que tem sido um Verão "escandalosamente bom". Falava do clima, claro, da praia, das férias. Mas podia falar de política.
As más notícias na economia, a polémica das viagens oferecidas pela Galp a secretários de Estado, os incêndios que não param ... não faltam motivos de preocupação para o Governo de António Costa e que podiam estar a beneficiar a oposição, o maior partido da oposição que é também o maior partido do Parlamento. Passos Coelho parece acreditar que não é preciso fazer mais do que dizer que "isto está a correr mal e vai correr pior" para que os eleitores percebam o "erro" que cometeram.
Mas não chega. O ex-primeiro-ministro, agora com a camisa de líder da oposição, foi a Quarteira fazer basicamente um discurso de crítica ao Governo, em que supostamente também teria uma parte de atitude construtiva, que passou basicamente pelo anúncio de um convenção nacional no início do próximo ano para ouvir toda a gente sobre como quebrar o ciclo de pobreza.
Mesmo na crítica, Passos ficou pela moderação. Acusou o executivo de António Costa de "fingimento" e de ter uma atitude de "empurra com a barriga e logo se vê", mas não apontou os problemas que há para resolver, os grupos de trabalho nomeados em vez de decisões tomadas; disse que há uma "cultura política de compadrio", mas não nomeou o caso Galp; quis dizer que o exercício do poder volta a ter vícios como no tempo de José Sócrates, mas não disse.
E disse, isso sim, que a "troika governativa" está politicamente e socialmente esgotada, que só lhe resta o conflito com os credores, com as instituições europeias e com os investidores, mas também admitiu que pode durar toda a legislatura. Esse parece ser também o problema de Pedro Passos Coelho: estar politicamente esgotado, mas permanecer no poder social-democrata toda a legislatura.
E, por enquanto, não há conflito que o possa revitalizar e reavivar um PSD que não se levantou no Calçadão de Quarteira, nem teve o seu momento de arranque para o combate autárquico que parece ansiar e, ao mesmo tempo, temer.