25 jul, 2016
Não tive a sorte de estar em Portugal durante os dias finais do Euro 2016; deve ter sido excitante. Posso, isso sim, dar uma ideia do que é "viver" à distância este torneio histórico para Portugal.
Os meios de comunicação dos Estados Unidos deram relativamente pouca importância ao Euro. Houve chamadas na primeira página, mas não manchetes de primeira página. Em parte, isto deve-se ao facto de, nos Estados Unidos, o futebol continuar como desporto para praticar mas não como espectáculo. Todos os miúdos (rapazes e raparigas) dos 6 aos 12 anos assumem o "soccer" como desporto principal; mas depois, quando é mais "a sério", passam para o basquete ou para o beisebol ou para o futebol americano (os três principais desportos de um ponto de vista de audiência televisiva).
Por outro lado, o facto de os Estados Unidos não terem muito a ganhar ou perder no Euro justifica algum desinteresse. Aliás, devo dizer que mesmo a Copa América, que este ano foi organizada pelos Estados Unidos, também passou relativamente despercebida. Tivessem os americanos chegado à final, teria sido diferente.
Finalmente, o interesse pelo fenómeno desportivo, especialmente quando não se tem um partido bem definido, prende-se mais com as "histórias" interessantes à volta dos torneios, não o torneio em si. Não tenho estatísticas concretas, creio que este ano os americanos mostraram mais interesse pela equipa da Islândia do que por todas as outras equipas juntas. Todos nós gostamos de histórias do tipo "David e Golias" ou "Cinderela", e a Islândia é um dos melhores exemplos que se têm visto.
Assim, para quem tenha andado pelas ruas de Nova Iorque nas últimas semanas, os sinais do Euro terão sido escassos. No entanto, esta aparente "calma" é algo enganadora: a única generalização possível para os Estados Unidos é que não se pode generalizar. Por exemplo, entrando num dos "pubs" de Nova Iorque durante estes dias é como ser transportado para outro mundo. As imagens e as pessoas, as conversas e os gritos – é como se estivéssemos em Dublin ou Londres.
Finalmente, não me lembro de ter recebido tantas mensagens de parabéns como nesta semana – na sua maioria de pessoas que nem imaginava soubessem o que é o futebol, muito menos o Euro. Soube bem.