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João Ferreira do Amaral
Opinião de João Ferreira do Amaral
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Brexit

24 jun, 2016 • Opinião de João Ferreira do Amaral


Aproveitemos esta oportunidade. Será essencial para mantermos a paz na Europa.

Quebrou-se um tabu. O Reino Unido, por vontade própria decidiu, contra ventos e marés, sair da União Europeia.

A saída traz consigo ao mesmo tempo um grande risco e uma grande oportunidade. E para o nosso País a necessidade imperiosa de mudar as suas opções externas.

O risco grande – tão grande, aliás, que me fazia preferir que o Reino Unido se mantivesse na União, é que a saída leve a uma espécie de autonomização da zona euro com um reforço do centralismo, já hoje insuportável, por parte da Alemanha que exercerá mais facilmente a sua hegemonia. Se tal suceder, Portugal deverá quebrar outro tabu e sair do euro, enquanto ainda não desapareceu como estado soberano.

A grande oportunidade surgirá se o caso britânico, acompanhado perla impressionante vaga crítica que hoje avassala a União levar a uma reformulação de alto a baixo das instituições comunitárias que reconheça que os estados membros necessitam de retomar alguns dos poderes essenciais de que as instituições comunitárias se apropriaram, que tome consciência de que a zona euro não funciona nem funcionará nunca, que compreenda enfim que punir países como a Grécia foi punida é puro bullying que pensávamos ter terminado com a II Guerra Mundial.

Aproveitemos esta oportunidade. Será essencial para mantermos a paz na Europa.

Quanto a Portugal, as suas opções de política externa devem agora mudar e repor nas suas prioridades o reforço das relações com o Reino Unido.

Comentários
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  • Jose Oliveira
    27 ago, 2016 Cascais 11:56
    J.F.Amaral coloca bem o problema, mas gostaria de ir mais longe. O Brexit veio exacerbar tendências centralistas que já vinham de trás. O núcleo duro veio logo posicionar-se no terreno e mostrar o seu soberano desprezo pelas periferias. Pior ainda, querem convencer-nos de que a solução é mais Europa, leia-se, ainda mais centralização. Só que a realidade mostra que esse é um caminho minado. A evolução do capitalismo neoliberal em geral e na Europa em particular conduz a um beco sem saída: produtividade em queda, emprego em queda, precariedade em alta, estagflação, concentrações monopolistas, exaustão das medidas de intervenção=taxas negativas, q.easing, disparo das desigualdades, militarismo crescente... Ou seja, vemos um avolumar muito preocupante da conflitualidade a todos os níveis e que a extrema direita vem capitalizando com bastante savoir faire. Mais; o actual modelo político-económico capitalista é cada vez mais incompatível com a cidadania e a democracia, mesmo na versão mitigada e burocratizada que uns apelidam de representativa e outros de burguesa. Neste estado de coisas gerador de impasses crescentes, avolumam-se os factores conducentes a um grave conflito generalizado do tipo III Guerra e os eventuais mecanismos que poderiam permitir aos cidadãos posicionar-se e fazer valer os seus direitos estão a esvaziar-se rapidamente (tratados internacionais como CETA, TTIP, TISA, TPP, RCEP...). A prosseguir este caminho, é mais do que provável chegarmos lá .
  • atento
    27 jun, 2016 viseu 16:43
    Esta tudo dito! "Quanto a Portugal, as suas opções de política externa devem agora mudar e repor nas suas prioridades o reforço das relações com o Reino Unido"!
  • Hugo Martins
    25 jun, 2016 Lisboa 02:57
    Deixem-se de tretas. A Inglaterra pos-se ao fresco pq está farta, sobretudo os mais velhos, de darem pro peditório pros países pobrezinhos. É um dos maiores contribuintes pro bolo e pouco recebe em troca. Vai daí, ala que se faz tarde! Good Bye, meninos, fiquem-se com o vossos problemas q eu vou tentar resolver os meus. E, claro, a ajudar ao Brexit a figura triste do Partido Trabalhista lá do sítio (o Labour, vulgo PS) que fez campanha pelo NIM. Fez uma campanha vergonhosa em que, em vez de dizer ao que vinha, aproveitou pra dizer mal dos Conservadores. Pode agora olhar pra burrada (ou borrada) que fez. Escusa de vir chorar lágrimas de crocodilo, como o amigalhaço cá do sítio, o Costa, que só faltou pedir o lenço pra se assoar com o desgosto.
  • Fernando Guiñazú
    24 jun, 2016 Mendoza- Argentina 23:16
    Acredita o Senhor que estaría Portugal melhor fora da UE? Conheço O Portugal pre y post UE e acredito que foi um pulo adiante o pertencer a UE.
  • AB
    24 jun, 2016 Evora 22:12
    Chamar bullying à montanha de dinheiro que a UE enterrou na Grécia, precisamente quando o governo de extrema esquerda chamava nazis e fascistas a todos, incluindo Portugal, é mais que má vontade. A UE tem fornecido balões de oxigénio sucessivos a governos abertamente hostis, com a única condição de os ditos fazerem algum tipo de esforço para pôr as contas minimamente sustentáveis.
  • Mario Rodrigues
    24 jun, 2016 Leiria 20:01
    Talvez a única salvação para o que resta da UE seja AVANÇAR (não recuar) para uma simples zona de comércio livre ou, melhor, uma zona de comércio condicionado (limitada a produtos industriais e a serviços, e com a possibilidade de os Estados-menbros restringirem as importações para equilibrarem a balança de pagamentos). Qualquer outra coisa levará sempre ao domínio dos mais fortes e à sua dissolução a médio prazo.
  • Astrolabio
    24 jun, 2016 capital 19:17
    Pensa bem, o Prof. João Ferreira do Amaral. É uma voz independente e lúcida. Deveria ser mais ouvido, por quem de direito.
  • pedro
    24 jun, 2016 lx 18:34
    que palermice sem pes nem cabeca. o resultado do referendo ingles deve-se tao-somente ao facto de os ingleses serem o povo mais chauvinista, e hoje em dia o mais racista, a povoar a terra. mais do que isso, e uma nacao na sua essencia nao-democrata; classissista, se nao mesmo esclavagista, onde o populismo mais primario e perigoso (para mal de todos, veremos certamente as suas consequencias muito proximamente) se instalou tirando partido de um chocante analfabetismo do homem comun e uma recusa patetica de algumas elites em aceitarem o real papel e peso daquele pais no moderno concerto das nacoes. so a obsevacao local e demorada da idiossincracia inglesa possibilita compreder isto e tudo o resto na accao da inglaterra no mundo. para a u.e., hoje e um muito bom dia. a inglaterra nunca deveria ter sido aceite como membro. durante todos os seus 40 anos de filiacao a inglaterra nada mais foi do que uma influencia extremamente negativa e um piao americano na europa. viva a europa e a ue, berco de civilizacao e progresso.
  • Duarte Nuno Araújo
    24 jun, 2016 Sintra 18:32
    Totalmente de acordo. Estão de facto reunidas as condições para uma tomada de decisões, quer ao nível europeu quer ao nível nacional, que promovam um modelo de desenvolvimento sustentável que não passe pela subjugação das soberanias dos diferentes estados membros e permitam a um país como Portugal, num quadro de novo posicionamento nas suas relações externas, o aprofundamento das suas relações com o Reino Unido.
  • Lisboeta
    24 jun, 2016 Lisboa 18:32
    caros senhores: podem obrar todas as opiniões que quiserem. INFELIZMENTE, a grande questão em que as cabeças pensantes deste mundo estão a pensar é; terá a Democracia hipótese de ter um futuro a nível mundial se um N. Farage qualquer leva um povo à certa, destilando ódio e ignorância. A 2º G.G. começou com um quadro de ódio, intolerância e ignorância em tudo semelhante.