01 jun, 2016
Um dos efeitos negativos da austeridade imposta a Portugal, resultante dos desequilíbrios financeiros insustentáveis antes criados, está na baixa de qualidade da Administração Pública.
Muitos dos melhores quadros da função pública abandonaram-na, para ganharem um pouco mais no sector privado ou no estrangeiro.
Decerto que era difícil evitar esta perda quando tínhamos – e ainda temos – a corda na garganta. Mas, pelo menos, teria sido sensato não agravar o problema com mudanças de funcionários públicos de topo quando mudam os governos.
Apesar da criação da CRESAP, teoricamente para despartidarizar as nomeações na função pública, nada no fundo mudou – vejam-se as sucessivas substituições de quadros pelo governo de A. Costa.
Assim, cada vez menos gente de valor quer trabalhar no Estado.
Tudo legal, como ontem Eunice Lourenço explicou na Renascença. Cinicamente legal, poderia dizer-se. Quando se alerta para a predominância do poder económico sobre o poder político, desvirtuando a democracia, em Portugal dedicamo-nos a enfraquecer ainda mais um Estado que sabemos ser fraco.