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José Luís Nunes Martins
Opinião de José Luís Nunes Martins
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​Tristão e Isilda

• Opinião de José Luís Nunes Martins


Tristão olhava para o chão, vergado pelo peso das tristezas que carregava nos seus ombros. Via sobretudo sombras e pedaços de coisas sem valor, pisadas pelos pés dos que passavam sem as ver. Preferia a noite, para descansar dos sacrifícios, para sonhar... para, estendido na cama, olhar para o alto... para as estrelas que há no céu e, também, para as que brilhavam dentro dele.


Isilda passava os seus dias a admirar o sol e as nuvens, as flores e todas as cores do mundo. Contemplava a liberdade, a força e a simplicidade do vento, que é a forma quase visível do amor. O sorriso de Isilda era sempre uma melodia no pedaço de mundo em que estava. O seu coração era tão grande e generoso como um pôr do sol, e palpitava com um enorme amor à vida. Sentia um vazio, como se faltasse uma parte do porquê e do para quê da sua alegria.

Um dia encontraram-se... abraçaram-se e uniram as suas vidas para sempre.

Tristão aprendeu que ninguém vive para sofrer.

Isilda compreendeu que a nossa alegria não faz sentido se não for um presente para outra pessoa... e que cada coisa bela no mundo é um bem que alguém nos dá.

Aprenderam a amar-se... tinham o dom de soprar a vida um do outro.

Por vezes, os contrários completam-se.

Tristão e Isilda, juntos, conseguiam ver o mundo todo e tudo o que nele há.

Antes, nenhum deles estava certo ou errado, cada um via apenas metade da verdade...





Nota final:
A escolha do nome Isilda é uma homenagem à minha mãe.

Ilustração de Carlos Ribeiro
Comentários
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  • Marcelino Natalio Ma
    31 jul, 2016 Viana do Castelo 23:59
    bonito poema que faz lembrar quem nunca se perdeu no tempo.
  • António Abreu
    05 jun, 2016 Moscavide 21:40
    É verdade , a Isilda mulher que sempre lutou acarinhou, amou nos momentos de entrega total ao seu Tristão ,este na sua doença doava o seu amor com sorriso mesmo nos momentos de sofrimento , no momento de partir para o Pai , morre nos braços de sua amada .
  • maria amelia
    28 mai, 2016 leiria 06:39
    Lindos títulos...inspiram paz