Tristão olhava para o chão, vergado pelo peso das tristezas que carregava nos seus ombros. Via sobretudo sombras e pedaços de coisas sem valor, pisadas pelos pés dos que passavam sem as ver. Preferia a noite, para descansar dos sacrifícios, para sonhar... para, estendido na cama, olhar para o alto... para as estrelas que há no céu e, também, para as que brilhavam dentro dele.
Isilda passava os seus dias a admirar o sol e as nuvens, as flores e todas as cores do mundo. Contemplava a liberdade, a força e a simplicidade do vento, que é a forma quase visível do amor. O sorriso de Isilda era sempre uma melodia no pedaço de mundo em que estava. O seu coração era tão grande e generoso como um pôr do sol, e palpitava com um enorme amor à vida. Sentia um vazio, como se faltasse uma parte do porquê e do para quê da sua alegria.
Um dia encontraram-se... abraçaram-se e uniram as suas vidas para sempre.
Tristão aprendeu que ninguém vive para sofrer.
Isilda compreendeu que a nossa alegria não faz sentido se não for um presente para outra pessoa... e que cada coisa bela no mundo é um bem que alguém nos dá.
Aprenderam a amar-se... tinham o dom de soprar a vida um do outro.
Por vezes, os contrários completam-se.
Tristão e Isilda, juntos, conseguiam ver o mundo todo e tudo o que nele há.
Antes, nenhum deles estava certo ou errado, cada um via apenas metade da verdade...
Nota final:
A escolha do nome Isilda é uma homenagem à minha mãe.
Ilustração de Carlos Ribeiro