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Raquel Abecasis
Opinião de Raquel Abecasis
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Não temos sorte com a educação

27 nov, 2015 • Opinião de Raquel Abecasis


O novo Parlamento votou hoje o fim dos exames do 4º ano. Acabou, não há mais!

A nova maioria parlamentar cumpre assim a sua principal promessa: desfazer tudo o que vem de trás, de preferência antes de o governo ter sequer tempo para se sentar no lugar.

Deixando de lado as opiniões sobre a bondade ou não dos exames, se houvesse boa-fé, o bom senso diria que as coisas deveriam ser feitas de outra forma, com calma, ponderação, consultas a especialistas e deixando que o responsável político pela pasta tomasse uma decisão com pés e cabeça, até porque o ano lectivo está a decorrer e ninguém, no final do dia de hoje, sabe se os alunos que agora estão no quarto ano, vão ou não fazer exame.

Definitivamente, em Portugal não temos sorte com a educação, corre-nos tudo mal desde há muitos e bons anos. Parece mesmo que há um complot democrático para não deixar que o sector tenha sucesso. Ou será que o complot se chama Fenprof?

Da esquerda à direita, a gestão política na área da educação tem sido um desastre e um dos principais motivos para isso é esta ideia peregrina de que quem chega vai mudar tudo de acordo com as suas ideias pessoais. Não sei porque é que temos este raio de azar de ter ministros da educação que acham que são mais espertos do que os outros.

Verdadeiramente, a questão não é política. É mesmo uma gestão de egos que sacrifica o sector, antes de ser sacrificada pela Fenprof, que, quando lhe começa a cheirar a esturro, mete logo as garras de fora e pronto, acaba-se a política de educação do ministro(a).

O Governo acabou de tomar posse e uma das promessas do novo elenco é precisamente o ministro da educação, Tiago Brandão Rodrigues, jovem com um currículo brilhante, com mundo e com ciência. Desejo-lhe sorte e as maiores felicidades. Espero sinceramente que nos surpreenda porque o país precisa disso e está descrente depois de tantas desilusões na 5 de Outubro: da avaliação falhada à implosão inconseguida.

O que seria mesmo um grande sinal de evolução para o país era que no Ministério da Educação se seguisse o exemplo do Ministério da Saúde, onde têm mudado os governos, mas não mudam no essencial as políticas e os bons ministros sucedem-se vindos das várias áreas.

Era tempo de se conseguir recuperar a saúde da nossa educação, a bem dos alunos que, no fundo, são o único investimento que pode garantir o futuro do país.

Comentários
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  • Se houvesse boa fé?
    27 nov, 2015 Lisboa 20:59
    Esta senhora está a insinuar que o novo governo, que apenas hoje iniciou trabalhos, não está a agir de boa fé? ...."se houvesse boa-fé".... Isto não é suscetível de dar uma processo em tribunal, por difamação?
  • António Costa
    27 nov, 2015 Cacém 14:30
    Os Exames tem um grande e enorme problema! As pessoas são examinadas pelo que fazem e não pela "simpatia pessoal".