05 out, 2015
Como é possível que uma coligação que durante quatro anos aplicou o mais duro programa de austeridade de que há memória em Portugal tenha ganho as eleições, ainda que sem maioria absoluta?
O Governo foi violentamente atacado ao longo do seu mandato, até por personalidades consideradas próximas (Pacheco Pereira, Manuela Ferreira Leite, António Capucho, Bagão Félix, etc.). Gerou-se a ideia de que, por sadismo ou por ideologia ultra-liberal (uma fantasia neste país), o Governo empobrecia deliberadamente os portugueses. Da quase bancarrota provocada pelo executivo de Sócrates poucos falavam.
O Governo PSD/CDS cometeu muitos erros. Mas conseguiu o essencial: livrou-nos da “troika”, com uma saída limpa. A partir daí o clima económico e político mudou. Resta aos opositores da coligação dizer mal dos portugueses, que são mais inteligentes do que eles pensam.
A grande desilusão foi António Costa, que afastou Seguro à bruta da liderança do PS. Costa sugeriu que faria alianças pontuais à esquerda e à direita. Não percebeu que a distância de um partido democrático e pró-europeu como o PS em relação à extrema-esquerda é muito maior do que em relação aos partidos à sua direita. Basta lembrar 1975. Não há equidistância.