05 out, 2015 • Eunice Lourenço
O que fica do que passa desta noite eleitoral: a coligação PSD-CDS ganhou, mas perdeu a maioria absoluta, o PS perdeu, o Bloco de Esquerda renasceu, a CDU cumpriu e o PAN surpreendeu.
Consequências: a coligação quer governar, o Bloco e o PCP não querem que governe e já prometem rejeitar o programa de Governo e o PS deixa a coligação formar Governo, mas ainda não sabe se a deixa governar; a coligação quer conversar com o PS e o PS quer negociar com medidas à vista.
António Costa dá, portanto, aval ao Governo de Passos, mas avisa, desde já, que não vai viabilizar medidas contrárias às propostas do PS e que não embarcará em maiorias negativas só para derrubar governos: se o fizer é porque tem uma solução.
Este cenário – que muitos temiam e que todos podemos achar instável – pode ser muito positivo, pois obriga as instituições a funcionar, os partidos a negociar, os líderes a conversar, enfim, a democracia a funcionar. E a verdade é que, se todos quiserem mesmo o melhor para Portugal, os portugueses podem ficar a ganhar por terem um governo sem maioria absoluta e que terá de fazer cedências e por terem um PS responsável, capaz de fazer valer algumas das suas propostas. Assim, sejam todos crescidinhos.