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Luís Cabral
Opinião de Luís Cabral
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​Igreja santa

14 set, 2018 • Opinião de Luís Cabral


A recente onda de escândalos na Igreja Católica, especialmente provenientes dos Estados Unidos, abalaram significativamente a fé de muitos crentes na divindade desta instituição.

Como é possível que, no seio de uma organização de natureza divina, se dêem os comportamentos mais reles, desprezíveis, abjectos, criminosos que a mente humana pode imaginar?

Cada Domingo os católicos praticantes professam a sua fé na Igreja santa. As notícias do que se passa na Igreja, no entanto, dão ideia de uma instituição que é tudo menos santa.

Não tenho resposta completa e convincente para este Mistério (pois de Mistério se trata), mas ocorre-me a seguinte analogia, que talvez possa ajudar.

Os cristãos acreditam que Jesus Cristo é Deus: verdadeiro Deus, não uma divindade de segunda categoria. No entanto, Jesus Cristo é também verdadeiro homem: passou 9 meses no seio da sua Mãe, onde foi crescendo um corpo que, para efeitos prático, era indistinguível do corpo de outro ser humano. Mais: o DNA de Jesus Cristo é o DNA de Maria, que por sua vez é o DNA de uma descendência bem conhecida: a casa de David.

Basta olhar um pouco para os acontecimentos relatados no Antigo Testamento para confirmar que a linhagem de Maria e Jesus está longe de ser prefeita: adultério, assassínio, prostituição, etc: há um pouco de tudo. E, no entanto, apesar de toda esta decadência, foi desta linhagem que nos foi dado o verdadeiro Deus feito homem.

Jesus Cristo não é menos santo pelo comportamento decadente de muitos dos seus ascendentes. De igual forma, a Igreja — fundada pelo próprio Cristo — não é menos santa pelo comportamento dos seus membros.

Comentários
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  • merdelim
    17 set, 2018 14:59
    João Félix Seabra: Que a Igreja é humana, faz parte da definição. Uma boa definição de Igreja é: A presença do divino numa realidade integralmente humana. É isto que a Igreja é. Isto é o Mistério da Encarnação. É o método que Deus escolheu para salvar o homem. Todos os Concílios originaram períodos de 2 a 3 séculos de divergências. O saber lidar com elas é um atestado de grande competência da Igreja.
  • João Lopes
    17 set, 2018 Viseu 10:58
    Concordo: »a Igreja — fundada pelo próprio Cristo — não é menos santa pelo comportamento dos seus membros».
  • Sasuke Costa
    15 set, 2018 11:25
    Como pode a Igreja não ser Santa se ela é a fonte de toda a Santidade? S. Francisco de Assis não gostava dos adoradores do deus morto porque apesar das suas palavras virem de Deus estavam mortas, não germinavam, não davam fruto, quem busca em si a convivência de Deus encontra algo vivo, quem busca Deus nos seus ditos enterrados no tempo não o encontra vivo. São as palavras enterradas no tempo negadoras de Deus vivo? Não me parece pois elas são bem objetivas mas não passam das maravilhas que Deus operou nos homens, relatos para situações específicas, muitos são os remédios mas por ser remédio não cura a doença para os quais foram desenvolvidos.
  • JOAQUIM S.F. SANTOS
    14 set, 2018 TOJAL 16:28
    Pois bem! O senhor sabe, e sabe bem, que os nossos teólogos iluminados dos séculos: IXX, XX e XXI, trabalharam muito e bem, e trabalham, não para defenderem ou darem a conhecer Cristo aos homens, mas para matarem o pouco Cristo que ainda existia nos homens. Eles com as suas doutrinas ditas atuais, Mataram o pecado, o diabo, o inferno, os mandamentos da Lei de Deus, o sentido de Justiça Divina. Como os primeiros alunos foram candidatos ao sacerdócio, foram estes os primeiros a colocarem em prática tais ensinamentos. Se não há pecado, não há castigo, Deus é amor, tudo perdoa, deixa-me viver a vida! Sempre que lisonjeio o padre, o Bispo ou o cardeal progressista, estou a formar pedófilos dentro do sacerdócio. Os acusados não passam de vitimas dos modernismos de ateus que pregam falsos moralismos dentro e fora da Igreja.