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Robôs e emprego

25 mai, 2018 • Opinião de Luís Cabral


Uma das maiores confusões neste debate é a confusão entre empregos e taxa de desemprego.

"Os robôs vão dominar o mundo; pelo menos, vão substituir quase todos os trabalhadores, o que lançará as economias numa grande crise de desemprego permanente".

Com palavras semelhantes, este é o tipo de mensagem que vamos recebendo dos media. Por exemplo, recentemente, a Renascença referia-se ao "Sawyer, o empregado de café que é melhor do que os humanos lá do sítio" (o Sawyer sendo um robô de servir café e o sítio sendo Tóquio). Acrescentava o artigo que "toda a gente parece gostar do robot que serve cafés, mas o seu sucesso pode ser má notícia para os empregados tradicionais".

Uma das maiores confusões neste debate é a confusão entre empregos e taxa de desemprego. Todas as revoluções tecnológicas do passado foram acompanhadas pela destruição de múltiplos postos de trabalho. Há 30 anos, o departamento de economia da universidade em que estudava incluía uma sala com muitas secretárias batendo à máquina. Pouco tempo depois, estes empregos desapareceram, em parte devido à difusão do computador pessoal.

Destruiram-se empregos, mas a taxa de emprego não subiu. Essencialmente porque a primeira fase da revolução digital, ao destruir alguns empregos, também criou outros. Por exemplo, nos anos 80 eram poucas as empresas que tinham departamentos informáticos; hoje em dia, o grupo de "IT" é de rigor em qualquer organização.

Chamem-me optimista, mas estou muito menos preocupado com a revolução tecnológica do que os media. Venham eles (os robôs)!

Comentários
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  • MASQUEGRACINHA
    25 mai, 2018 TERRADOMEIO 18:47
    Então não lhe parece que existe uma aflitiva falta de regulação nisto tudo? Se as horripilantes condições de vida dos primeiros proletários industriais, que aliás se mantiveram durante muito tempo, se deveram à ausência de regras, dada a novidade, o mesmo não se poderá dizer da imparável automatização contemporânea, pois não? Supõe-se, sem grandes alarmismos, que as máquinas substituirão os homens mesmo naquelas tarefas em que se supunha ser o homem insubstituível. Ao contrário do passado, poucas tarefas restarão que as máquinas não possam executar mais e melhor do que qualquer homem. A margem de criação de novas tarefas apenas humanas será residual. E tudo isto se vai instalando no meio de um estado de deslumbrado laissez marcher... Venham os robôs! Pangloss não diria melhor.
  • João Lopes
    25 mai, 2018 Viseu 11:04
    Análise interessante de LC. O desenvolvimento da informática e das novas tecnologias aplicadas ao trabalho originam mais desenvolvimento e logicamente surgem mais oportunidades de trabalho para muito mais pessoas!