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O Mundo em Três Dimensões - Cães partilham ADN humano - 23/04/2018

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Um cão que se comporta como o dono? A resposta pode estar no ADN

23 abr, 2018 • André Rodrigues , Paulo Teixeira (sonorização)


Estudo conduzido por um investigador português do Laboratório Europeu de Biologia Molecular encontrou semelhanças entre genes caninos e humanos. Nos países ocidentais cães obesos têm donos obesos. Dadas as semelhanças de ADN, este estudo sugere que o problema pode ser prevenido exatamente da mesma forma que se faz com a espécie humana.

Chamam-lhe o melhor amigo do Homem. Mas para muitas pessoas, o cão é um animal temível, um animal feroz. Mas, na verdade, não é bem assim.

Claro que ninguém tem culpa de sentir medo ou ansiedade quando se aproxima de um canídeo, mas a ciência demonstra que quem sente esse desconforto está mais exposto a uma mordidela. É que os cães possuem a extraordinária faculdade de sentirem o medo humano pelos sensores nasais. E a distância considerável.

Um estudo recente desenvolvido por investigadores da Universidade de Liverpool juntou 700 pessoas e concluiu que os homens são os mais medrosos. Logo, correm duas vezes mais riscos do que as mulheres.

Mas a convivência humana com o cão é antiga. Começou há 12 mil anos com a domesticação dos lobos.

Luís Coelho, investigador do Laboratório Europeu de Biologia Molecular de Heidelberg na Alemanha conduziu um estudo envolvendo 129 cães e, no conjunto de um milhão de genes detetados, encontrou "200 mil a 300 mil genes humanos parecidos com os dos cães. E a semelhança é mais frequente nos beagles e nos retriever de labrador".

Se, por um lado, esta descoberta ajuda a compreender por que razão os cães e os humanos são emocionalmente tão próximos, por outro abrem novas perspetivas de investigação científica. Luís Coelho confirma a existência de um conjunto semelhante de bactérias intestinais que regulam o metabolismo.

"Na realidade, usamos os ratinhos apenas para descobrir coisas que possam ser usadas para os seres humanos. No caso dos cães, se nós conseguirmos qualquer coisa de útil em termos científicos, isso é uma vitória. Depois, o potencial para aprendermos factos que possam generalizáveis para os humanos, acaba por ser um bónus", explica o responsável por este estudo.

Exemplo disso é a obesidade canina, que é um problema crescente e encontra paralelo com a obesidade humana que também tem aumentado nos países ocidentais. Luís Coelho diz que, "no contacto com colegas americanos, foi possível confirmar que - tanto nos homens como nos cães - a obesidade é um problema muito maior".

Ou seja, donos obesos têm cães obesos. E este estudo sugere que o problema pode ser prevenido exatamente da mesma forma que se previne na espécie humana.

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