23 mar, 2018
O turismo estrangeiro tem dado uma boa ajuda ao equilíbrio das contas externas portuguesas. A balança comercial, envolvendo mercadorias, continua deficitária, não obstante o comportamento positivo das exportações de bens - é que as importações têm vindo a crescer ainda mais.
O Algarve é a região turística mais conhecida de Portugal, apesar de todas as maldades que lhe fizeram, a começar pelo urbanismo excessivo e caótico de muitas zonas perto do mar, sobretudo no Barlavento algarvio (a oeste). Um problema que já era apontado há décadas, quando começou o “boom” da construção, mas não houve governo que conseguisse travar o que poderia ter sido a morte da galinha dos ovos de ouro. Não foi, felizmente, mas reduziu a qualidade do turismo estrangeiro em vários pontos do Algarve.
A nova maldade que se perspetiva para o Algarve como região de atração turística é a anunciada pesquisa de petróleo no mar, ao largo de Aljezur. Uma zona ainda relativamente preservada, a sul da costa vicentina. As probabilidades de encontrar mesmo petróleo em volume comerciável não são grandes, mas o consórcio Eni/Galp vai avançar. E avança com subsídios do Estado português, ou seja, com dinheiro do nosso bolso de contribuintes. Como notava uma jornalista que conhece bem a área energética, Lurdes Ferreira, em editorial no “Público” de domingo passado, a maior parte desta subsidiação por via fiscal reverte a favor do Estado italiano, o maior acionista da ENI.
Se já era estranho subsidiar combustíveis fósseis numa altura em que a prioridade, assumida pelo governo português, é acelerar a transição para as energias renováveis, o caso raia o absurdo quando quem mais beneficia é um Estado estrangeiro. Entretanto, diminuem os subsídios às energias renováveis.
Um empreendimento destes teve e tem forte oposição de pessoas no Algarve e fora dele, de autarcas, de empresários do turismo, etc. O governo não ouviu os protestos, que aliás irão prosseguir. O que dirá o ministro do Ambiente a mais esta machadada no prestígio do Algarve?