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Francisco Sarsfield Cabral
Opinião de Francisco Sarsfield Cabral
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Factores de união

21 mar, 2018 • Opinião de Francisco Sarsfield Cabral


A hostilidade russa e o afastamento dos americanos são motivos para reforçar a integração europeia.

Durante anos, as principais economias desenvolvidas reuniam-se periodicamente para tentarem coordenar as suas políticas. Depois, avisadamente, passaram a incluir também as chamadas economias emergentes. E houve pelo menos uma reunião do G20 que fez história: a que procurou responder à grande recessão provocada pela crise financeira global decorrente do excesso de crédito irresponsável concedido por bancos americanos. Crise a seguir espalhada pelo mundo em pacotes de títulos de qualidade mais do que duvidosa.

Mas com a política isolacionista hoje prosseguida pela maior potência económica mundial, os Estados Unidos, a cooperação económica internacional não só estagnou como está em recuo.

Trump não gosta de grupos multilaterais nem de organizações internacionais. Por isso lança guerras comerciais, convencido de que o défice comercial dos EUA com outro país é uma perda para a economia americana. Uma falácia económica, claro, mas politicamente eficaz em grande parte da opinião pública que apoia Trump.

Não é, assim, de espantar que da reunião do G20 em Buenos Aires não saiam consequências significativas.

Depois da II Guerra Mundial os EUA impulsionaram a integração europeia, nomeadamente com o Plano Marshall, para conter o avanço do comunismo no continente europeu.

Agora, parece ter-se invertido a situação. Os europeus precisam de se unir contra o protecionismo americano e de investir mais na segurança e defesa, pois descansaram demasiado tempo na proteção militar dos EUA.

Com a Rússia a situação é mais de continuidade do que de viragem. A ameaça soviética foi um cimento que uniu os europeus.

Terminada a guerra fria e desvanecidas as ilusões sobre a desejada democratização da Rússia, a agressividade de Putin e os ataques informáticos com origem russa, bem como o assassinato de dissidentes russos no estrangeiro são, de novo, um fator de união na Europa.

O próprio Brexit não impediu a solidariedade da UE com o governo de Theresa May no seu confronto com Moscovo por causa dos assassinatos, ou tentativas de assassinatos, em Londres.

Comentários
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  • João Artur
    21 mar, 2018 Lisboa 19:58
    Para o Sr. Cabral, as Nações Unidas acabam de enaltecer o papel da Rússia e das forças armadas da Síria, na evacuação dos refugiados de Ghouta Oriental. A própria Rússia também conteve o ataque de armas químicas por parte dos Estados Unidos na Síria. Para o Sr. Cabral, talvez seja melhor informar os seus leitores, em vez do contrário.
  • José Seminário
    21 mar, 2018 Lisboa 13:18
    Em vez de continuar a tremer e a ter pesadelos com a «ameaça soviética», será melhor pensar nos benefícios que tem na Rússia, como parceiro europeu. Porque não escreve acerca das relações entre Merkel e Putin? Ao continuar a repetir aquilo que diz a CNN e a Sky News acerca da Rússia, seria também interessante perceber a sua contribuição na guerra da Síria. E porque não falar da guerra do Iémen, uma guerra escondida pela comunicação social que já fez cerca de dez mil mortos, desde o seu começo (em 2015)? O novo príncipe saudita foi agora recebido por Donald Trump e este parodiou ao lado do príncipe e defronte da comunicação social as inúmeras armas de destruição massiva que lhe poderia vender. Os custos das armas avaliadas em milhões de euros (para matar iemenitas) eram «peanuts», no dizer de Donald Trump.
  • Manuel Vaz
    21 mar, 2018 Lisboa 09:04
    Muito agradeço a Sarsfield Cabral o autêntico tratado de «russofobia» neste seu pequeno texto (muito «fraquinho»). Onde estão as provas dos ataques informáticos de origem russa? Ainda não se convenceu de que os ditos ataques foram meras desculpas de Hillary por ter perdido a eleição contra Trump? Onde está a prova da tentativa de assassinato pelos russos em Londres? Não se esqueça que a mesma «russofobia» ajudou Theresa May a ganhar algum crédito entre os ingleses, do mesmo modo que a «islamofobia» ajudou o primeiro-ministro holandês a ganhar as últimas eleições. Os seus dois últimos parágrafos são meras cópias das muitas difamações que vão sendo ditas nos jornais e nas televisões.