16 mar, 2018
Um dos argumentos principais invocados pelo conservantismo europeu para preservar a todo o custo os interesses instalados e justificar o crescente e cada vez mais assustador centralismo nas decisões europeias é que a Europa é o continente que tem melhor qualidade de vida e que isso se deve à União Europeia.
Que a Europa seja o continente onde melhor se vive é discutível, como todo este tipo de afirmações (não sei, por exemplo, se os Australianos estariam de acordo) mas do meu ponto de vista é uma afirmação verdadeira, embora menos do que já foi .
No que estou em profundo desacordo é que essa posição invejável se deva à União Europeia. Até surgir a União, ou seja, desde a reconstrução após a II Guerra Mundial até 1992 não tenho dúvidas que a integração económica europeia, seja a da Europa das comunidades (em particular a CEE) seja a da EFTA teve um papel importante na melhoria do nível de vida e do bem-estar dos povos europeus e ajudou a criar um espaço que podemos considerar efectivamente como o melhor para se viver. Mas com a criação da União Europeia, tudo mudou. E é perfeitamente defensável dizer que a União Europeia abriu um caminho de decadência que surge hoje para muitos como sendo um regresso ao passado de violência de há oitenta anos.
Não é um regresso ao passado, mas é igualmente indesejável.
A razão principal que justifica que isto esteja a suceder está no carácter centralista da União, assumido desde o seu início. Ou seja a ideia peregrina de que se pode ter uma Europa forte enfraquecendo os estados que a compõem. O resultado deste princípio em acção só poderia ser um: a sensação de abandono que tomou os eleitorados europeus por verificarem que o seu próprio estado transferiu para um longínquo nível comunitário funções que lhe competiam e que deveriam continuar a competir.
Da sensação de abandono ao populismo e ao puro e simples fascismo vai um pequeno passo. Passo que talvez já tenha sido dado. Mas, imperturbavelmente, todos os dias as instituições da União anunciam mais centralização de decisões e exigências para receberem mais dinheiro.