02 mar, 2018
Continua a agravar-se o pecado original da União Europeia, criada em 1992 com o tratado de Maastricht. Ou seja, o caminho cada vez mais rápido e esmagador para uma centralização férrea da decisão política a nível europeu.
As propostas que a nível oficial têm sido postas em cima da mesa para a reforma da União, sejam os Estados Unidos da Europa defendidos pelo agora afastado Schulz, seja o federalismo impensável de Macron e a sua soberania europeia, sejam as propostas da Comissão de aumentar os seus poderes (e o orçamento) baseiam-se todas na mesma cartilha: que a Europa só tem salvação se o poder for exercido pelas instituições europeias com apagamento dos poderes dos estados membros.
A forma de tentar convencer os eleitorados é sempre a mesma: há um problema sentido em vários países? Claro, isso só significa que os estados não resolvem a situação com os seus poderes e portanto é preciso que venham as instituições europeias salvar os povos da incapacidade dos estados.
Nem sequer se cumpre o princípio da subsidiariedade, ele próprio aliás, muito insuficiente. Não existe a mínima reflexão séria sobre se é de facto assim: centraliza-se e pronto, tudo serve no caminho da criação do super-estado europeu.
Temos um exemplo gritante. Tal como se sabia antes de existir e tal como se confirmou com os seus quase vinte anos de história, a moeda única constitui uma violação clara do princípio da subsidiariedade, pois a política monetária é melhor exercida a nível nacional, desde que subordinada a algumas regras de cooperação geral.
Será este caminho do centralismo inelutável? Felizmente, penso que não. O Brexit e os movimentos críticos da União que têm crescido por toda a Europa provam bem que os eleitorados não estão dispostos a permitir este caminho de desastre.
O problema é se a teimosia do centralismo provocar uma reacção tal que se acabe por lançar fora a criança com a água do banho.