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Francisco Sarsfield Cabral
Opinião de Francisco Sarsfield Cabral
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​A destruição da Síria

22 fev, 2018 • Opinião de Francisco Sarsfield Cabral


Putin meteu-se no vespeiro sírio e agora não sabe como sair dele.

O ataque do ditador sírio Bashar al-Assad a uma localidade não longe de Damasco, Ghouta oriental, onde se encontram grupos rebeldes, já é considerado o pior massacre deste século. Morreram centenas de civis, incluindo mulheres e crianças, foram bombardeados hospitais e escolas, além de inúmeras habitações. Estas operações bárbaras, apoiadas militarmente pelo Irão e pela Rússia, não são desgraçadamente novidade. Há mais de sete anos que Assad martiriza o seu próprio povo, às vezes com armas químicas. Obama avisou-o de que, se utilizasse essas armas, os EUA reagiriam. Ora Assad usou-as mesmo e os EUA olharam para o lado. Um erro fatal.

Assad vai provavelmente manter-se no poder, graças ao apoio não só do Irão como da Rússia. Putin viu na Síria e na passividade americana uma oportunidade para se afirmar na cena internacional, algo importante num país que já foi uma superpotência. Em Dezembro Putin considerou “basicamente cumprida” a intervenção russa na Síria. Depois, Putin armou-se em mediador e organizou uma conferência de paz, que redundou num completo fracasso - a quase totalidade dos grupos que combatem Assad nem sequer compareceu. Entretanto a situação complicou-se na região, com a tensão a aumentar entre Israel e o Irão e com a Turquia a atacar os curdos no Norte da Síria, uma batalha na qual, como aqui previ, os militares turcos estão a enfrentar grandes dificuldades.

Neste quadro, os militares russos não podem abandonar já a Síria, tirando o tapete ao seu protegido Assad. Seria o descrédito de Moscovo no mundo muçulmano. O problema é que o esforço militar russo na Síria tem elevados custos financeiros e também humanos. Dezenas de soldados russos terão sido mortos na Síria durante as últimas semanas, o que desagrada profundamente à população da Rússia. Em suma, Putin meteu-se num vespeiro, do qual agora não sabe como sair. Quanto a Assad, ficará a mandar e a massacrar uma população cada vez mais pequena, devido aos bombardeamentos e à fuga em larga escala para outros países.

Comentários
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  • Ana Mendes
    23 fev, 2018 Lisboa 14:44
    Ao ler este artigo, cheio de erros e estereótipos, é caso para dizer que Sarsfield Cabral meteu-se no vespeiro da ignorância e agora não sabe como sair dele. Ao menos, explicasse ao leitores as conotações do grupos rebeldes acantonados em Ghouta Oriental. Já agora que hospitais e escolas desta zona de Ghouta foram bombardeadas? Esta pergunta é demais exigente para alguém perito em inventar sucedidos.
  • Filipe
    23 fev, 2018 Lisboa 08:46
    A opinião de Sarsfield Cabral sobre o último episódio dramático da longa guerra na Síria é, em si, errado e até infame. Aquilo que aconteceu a leste de Ghouta, foi uma resposta da aviação síria a uma brigada rebelde, ligada ao «ISIL» e à «Al-Qaeda». Esta mesma brigada além de prender pessoas e de as tornar reféns ou escudos humanos, andou a exibi-las dentro de celas. O exército sírio fez aquilo que tem feito, ao longo desta guerra: combatido os rebeldes e reconquistar o seu território. O problema é a campanha de difamação contra a Síria que já dura, desde a chamada «Primavera Árabe» e que tem no Sr. Sarsfield Cabral um dos seus principais intervenientes. No fundo, aquilo que o Sr. Cabral faz é repetir a opinião dos grandes grupos financeiros e dos senhores da guerra do Pentágono. Neste aspecto, até podemos concluir que Sarsfield Cabral não passa de um papagaio de Washington.
  • Alexandre
    22 fev, 2018 Lisboa 22:29
    Muito agradecemos esta crónica de Sarsfield Cabral sobre a situação da Síria, por demonstrar, mais uma vez, como a senilidade do Sr. Cabral vai longe e nada dignifica a «Renascença», estação emissora importante deste país. Será que o presidente Assad (e não «ditador») atacaria o seu povo com armas químicas? Será que esse povo estaria ao seu lado (como está) na luta contra os mercenários pagos pelos EUA, Israel e Arábia Saudita? Porque é que Sarsfield Cabral não descreve alguns dos pormenores deste enorme cerco à Síria que, nestes últimos dias, contou com a participação da aviação israelita? Será que Sarsfield Cabral irá agradecer o apoio militar que Israel ofereceu aos mercenários do «Al-Nusra», brigada terrorista que o exército da Síria (do presidente Assad) tem vindo a combater há anos? Ou será que Sarsfield Cabral continuará a contribuir com as suas massivas doses de senilidade, senão mesmo de estupidez diária para esta estação emissora, sem que esta alguma vez o interrompa ou cesse de uma vez o seu contrato para bem do jornalismo de investigação português.
  • titto
    22 fev, 2018 lisboa 14:56
    Depois do enforcamento de SADAM HUSSEIN,impalaçao de KADAPHI e FAMILIA , morte de BIN LADEN, quem quer de bom senso negociar com EUA e OCIDENTE ,uma paz com o custo da vida.Resistir e combater até ás ultimas consequências é a via criada.
  • António Costa
    22 fev, 2018 Cacém 11:08
    Bem depois da queda do muro de Berlin parecia que o "espirito da Liberdade" tinha triunfado e os regimes totalitários tinham os dias contados...("Ich bin ein Berliner" de John Kennedy, em1963), o muro de Berlin era o símbolo da separação "Ocidente-Oriente. Mas depois assistiu-se apenas a uma Blitzkrieg contra o Império Soviético que soçobrava. Os regimes totalitários que tinham "lutado ao lado" do Ocidente apressaram-se a preencher o vazio. Os regimes pró-soviéticos dos países do Médio e Próximo Oriente foi quem mais sofreu com esta Blitzkrieg arrasadora. A Rússia reagiu muito tarde. Tinha perdido zonas de influência, que incluíam toda a Europa do leste, bem como territórios vastíssimos do antigo império dos czares. A própria Ucrânia que com a Rússia tinha sido o "núcleo duro" do Império russo separava-se da Rússia. A Síria "o último dos últimos" aliados da ex-URSS estava também em vias de se tornar um "Estado Islâmico". As perdas da Rússia depois da queda do muro de Berlin são terríveis, a Rússia "regressou" quase ao Séc. XVII, muito pior, do quando em 1942, os alemães estavam às portas de Estalinegrado. O "vespeiro" da Síria é o último dos "antigos"aliados que a Rússia, a custo, conseguiu manter.
  • António Costa
    22 fev, 2018 Cacém 10:33
    Existe um pequeno lapso, o Dr. Francisco Sarsfield Cabral deve estar a referir-se a Damasco (capital da Síria) e não a Bagdad (capital do Iraque).