Emissão Renascença | Ouvir Online
José Luís Nunes Martins
Opinião de José Luís Nunes Martins
A+ / A-

​O amor liga mundos diferentes

02 fev, 2018 • Opinião de José Luís Nunes Martins


A paz, base essencial do amor, é uma guerra à guerra.

A harmonia será tão mais bela quanto maior for a diversidade dos tons que a compõem. O equilíbrio não se consegue através da uniformidade. A riqueza da vida depende também das diferentes formas com que se apresenta.

O amor é o encontro de mundos distintos. Pessoas de diferentes origens são capazes de, com verdadeiro amor, fazer grandes e belas obras. As nossas duas mãos são diferentes e isso é muito bom. Também o caminhar se consegue pelo facto de termos duas pernas diferentes que se completam.

A paz resulta de uma decisão de viver e conviver com o desigual, fazendo dessa diferença algo que enriquece. Que alegria haveria em descobrir o outro se fossemos todos iguais? O que aprenderíamos? Como cresceríamos? O que de valioso teríamos nós para dar à vida do outro? Apenas mais do mesmo?

O amor começa com a aceitação, há que ver e receber o outro como ele é, não ignorando ou disfarçando as diferenças. Depois, fazer caminho, perceber, ceder e aprender. Explorar os melhores lugares nas margens de onde se pode construir pontes. E aceitar, aceitar, aceitar. Negar ou tentar mudar o que é diferente não é possível.

Se conheço alguém diferente, devo aprender o que ele traz de novo à minha vida. Devo também buscar em mim se tenho ou sou algo que seja enriquecedor para ele… e dá-lo.

O amor não é um arrebatamento involuntário no qual somos envolvidos e condenados. Não. É uma construção demorada e dura que se ergue a partir de pilares distantes, num esforço contínuo de chegar a ser parte de algo maior do que nós.

Amar implica sacrifícios e guerras permanentes. Ao nosso egoísmo mais íntimo e natural. Ao orgulho de julgarmos que somos melhores do que o outro. Mas não somos, nunca, ainda que sejamos donos de todo o ouro do mundo.

Não somos o que temos, somos o que decidimos fazer com o que temos.

Somos partes de um todo. Nenhum de nós se basta a si mesmo, nem é a razão da sua própria existência. Devemos procurar as pessoas que podemos completar, aqueles para quem os nossos dons pessoais – que nos parecem naturais – têm o sentido de dons divinos.

Por vezes a guerra e a paz confrontam-se no nosso coração. Quem triunfa? Porquê?

A paz, base essencial do amor, é uma guerra à guerra.

Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

  • Nilza Santana
    03 jun, 2018 Caldas Novas Goiás 20:57
    Belíssimo ! Parabéns Sol!
  • Denaura
    12 fev, 2018 Passo Fundo 13:19
    Lindos textos emoção
  • António Costa
    03 fev, 2018 Cacém 00:34
    Pois é, mas a diferença têm um grande problema. Obriga as pessoas a pensar. É observando as diferenças que nos apercebemos dos problemas. Observando pessoas diferentes, a resolver coisas de maneira diferente, percebemos que alguns problemas nem merecem esse nome. Outros, apesar de difíceis podem ser resolvidos. É que as "Regras" e o "fatalismo" são uma ótima desculpa para ficar quieto. São muito comodas.