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Conversas na Bolsa - Tiago Reis Marques - 26/01/2018

Conversas na Bolsa

Tiago Reis Marques contra legalização da canábis

26 jan, 2018 • Henrique Cunha


Na Bolsa do Porto, o especialista debateu a “Neurociência da criatividade”. A Renascença é parceira das “Conversas na Bolsa”.

"Eu não vejo nenhum lugar para a canábis no tratamento de nenhuma doença, nem para aumentar qualquer criatividade”, alerta o psiquiatra Tiago Reis Marques. O especialista alerta para o facto de a droga “fazer lesões à memória relativamente graves”.

Convidado das “Conversas na Bolsa”, organização da Associação Comercial do Porto, Tiago Reis Marques, que estudou a esquizofrenia e a depressão e a relação de drogas como a canábis com a psicose, diz que “não ver nenhum espaço para a canábis a não ser na dor crónica”, lembrando, contudo, que “mesmo nesses casos conseguimos extrair a substância activa e dá-la".

Tiago Reis Marques reparte a sua vida entre a investigação na Grã-Bretanha e as consultas de psiquiatria em Lisboa, Coimbra e Londres e mostra-se muito preocupado com a eventual legalização do consumo da canábis.

O psiquiatra diz que o assusta “o processo da legalização que passa por uma mensagem que a canábis não faz assim tão mal”. Tiago Reis Marques lembra que “o tabaco está legalizado e mata, o álcool é legal e mata milhares de portugueses”, portanto, “não é sinónimo estar legalizado e fazer bem”.

O especialista assegura que “todas as drogas fazem mal”, mas admite que a que “tem menor risco de consequências a curto e longo prazo, efeitos secundários imediatos, são os alucinogénios”.

Tiago Reis Marques lembra que “trabalha muito com esta droga” e afirma que “a canábis é uma droga com um risco enorme”.

Para o investigador do King´s College “o consumo aumenta o risco de doença mental grave como a psicose, cerca de quatro a seis vezes” e o risco de patologias graves “sobe à medida que o consumo é feito em idades precoces”.

Na Bolsa do Porto, Tiago Reis Marques debateu a “Neurociência da criatividade”.

Numa intervenção de cerca de cinquenta minutos, o psiquiatra dedicou-se a explicar o processo de criatividade que na sua opinião se desenvolve em “quatro estádios”.

Tudo começa com a “preparação”, a que se segue “incubação”, a “iluminação” e por fim a “verificação”.

Para o processo criativo, o psiquiatra lembrou a importância do desenvolvimento do cérebro, explicou as diferentes fases do órgão humano que “utiliza vinte por cento da energia corporal” e mostrou-se contra a ideia de que por detrás da criatividade está essencialmente o talento. E a este propósito, Tiago Reis Marques recordou que “Mozart – um prodígio musical – era filho de um professor de música e condutor de uma orquestra”; ou seja, reforça o psiquiatra “estas pessoas têm a possibilidade desde a infância nascer num ambiente onde são completamente estimuladas”.

Sobretudo nos Estados Unidos, ganhou força a utilização de drogas para estimular a criatividade. O investigador afirmou que “em Silicon Valley há pessoas a tomar LSD ao pequeno almoço”. “Tomam doses mínimas para não alucinar” e “fazem com que o cérebro comunique mais”; lembrou o psiquiatra que fez questão de esclarecer que “não estava a fazer a apologia do uso das drogas”, mas apenas “dar dados do que anda a fazer para aumentar a criatividade”.

Tiago Reis Marques foi considerado o Melhor Jovem Investigador em 2015. Antes tinha conseguido uma bolsa para estudar as ligações entre neurónios e a genética, com vista a novos medicamentos para prevenir surtos psicóticos.

A Renascença é Media Partner das “Conversas na Bolsa”, organizadas mensalmente pela Associação Comercial do Porto.

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  • 30 jan, 2018 11:45
    mas que experiência?! esse gajo ou está a acabar de tirar ou curso e obviamente nunca lhe rodaram um charuto na universidade, talvez porque não ajudada os colegas nos exames... Não aceito a experiência deste teórico!
  • Jorge
    29 jan, 2018 Seixal 12:12
    Conclusão: Para estimular a criatividade toma LSD. Se tiveres uma doença do foro oncológico, faz quimioterapia, porque a canábis “provoca lesões à memória relativamente graves”.
  • Rodrigo Santiago
    28 jan, 2018 Coimbra 09:58
    Se tu o dizes, quem sou eu para arriscar "pensar" o contrário. Forte abraço.