15 jan, 2018
O acordo de princípio concluído em Berlim na madrugada de sexta-feira passada por Merkel (CDU) e Schulz (SPD) foi recebido com alívio. Se estas negociações prévias falhassem, dificilmente Merkel permaneceria chanceler da Alemanha. Seria um golpe sério para o futuro de uma UE sem o Reino Unido e com divisões crescentes entre o Leste e o Oeste.
Mas ainda é cedo para cantar vitória. O SPD terá, no próximo domingo, de aprovar em congresso extraordinário o entendimento alcançado por Merkel e Schulz. Embora o SPD tenha conseguido vários objectivos do partido no plano da política interna da RFA e seja claramente europeísta, há numerosos socialistas, nomeadamente entre os jovens, que discordam de uma terceira coligação governamental com Merkel. É que, sendo o SPD um partido menor do que a CDU-CSU (este último, partido democrata-cristão da Baviera), torna-se difícil concretizar os seus pontos de vista na governação – o que se traduz, depois, em perda de votos. Receiam que tal aconteça pela terceira vez.
Na perspectiva europeia, há pontos positivos no acordo de princípio. Existe abertura para a reforma do euro e para conversar com Macron sobre ela. E o acordo mostra disposição para uma maior contribuição alemã para o orçamento comunitário.
Mas são afirmações genéricas, que poderão levar a pouca coisa. Falta, por exemplo, uma referência à união bancária, cuja conclusão tem sido travada por Berlim, que é contra um seguro de depósitos bancários a nível da zona euro. Nem se promete um reforço da participação alemã na área da defesa e segurança europeias, agora que Trump suscita desconfiança quanto ao empenhamento dos EUA na defesa dos aliados da NATO.
No imediato, porém, a prioridade vai para a aprovação do acordo pelo SPD. Se tal acontecer, como se espera, seguem-se novas negociações para a formação do novo governo e para concretizar o seu programa. Na melhor das hipóteses, em meados de Fevereiro haverá governo em Berlim.
Este conteúdo é feito no âmbito da parceria Renascença/Euranet Plus –
Rede Europeia de Rádios.
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