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João Ferreira do Amaral
Opinião de João Ferreira do Amaral
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Opinião

Mudam-se os tempos…

19 jan, 2018 • Opinião de João Ferreira do Amaral


Quase 20 anos passados do início do euro, muito mudou. Afinal a zona euro não é tão boa assim. Afinal é preciso corrigir drasticamente as instituições da moeda única.

Os que têm mais de 40 anos estarão certamente lembrados das grandes vantagens que eram apontadas para a Europa decorrentes da criação da moeda única.

Depois de 1992, que viu o caminho para o euro ser aprovada pelo tratado de Maastricht, até 1999, ano em que surgiu a moeda europeia não faltaram elogios ao novo projecto europeu que nos iria pôr a todos num caminho de prosperidade e de estabilidade. No que se refere a Portugal, não havia problema que não fosse no futuro resolvido pela entrada na zona euro: crescimento económico, disciplina financeira, inserção na globalização da economia mundial, confiança dos agentes económicos, etc., etc, tudo iria ser resolvido pela nossa participação no euro.

Hoje, quase vinte anos passados do início do euro, muito mudou. Afinal a zona euro não é tão boa assim. Afinal é preciso corrigir drasticamente as instituições da moeda única. Afinal a prioridade das prioridades das reformas das instituições europeias é a reforma do euro. Afinal….

O que se pode concluir do clima actual como se encara a moeda única?

Em primeiro lugar que, dado o que foi a história dos últimos dez anos, difícil se tornaria hoje apresentar a moeda única como um êxito. Na realidade, não resolveu nenhum dos verdadeiros problemas da Europa e veio agravar substancialmente a divisão entre estados membros.

Em segundo lugar, que nenhuma das sugestões de reforma que são hoje apresentadas por instituições europeias ou governos, se fossem efectivadas, garantiriam – longe disso – uma zona euro que a todos beneficiasse.

Em terceiro lugar, a consciência de que a Alemanha bloqueará muito do que é sugerido pelos proponentes das reformas e de que não estará disponível para participar numa zona euro que ponha em causa as condições que impôs na génese do projecto e que permitiram o lançamento deste. Ora estas condições a manterem-se irão perpetuar os desaires da moeda única.

Por fim, a grande questão, que decorre das fortes críticas que os defensores do euro fazem hoje ao projecto em que eles próprios nos envolveram. Se as reformas não forem para diante, continuarão a defender a participação de Portugal numa zona euro que, assumidamente, funciona mal?

Comentários
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  • Vera
    20 jan, 2018 Palmela 10:36
    É evidente que sendo portuguesa eu gostava mais do escudo, porque nasci e aprendi a lidar com ele! mas a questão económica não vem daí! é que, antes de... eu tinha o mesmo, que tenho depois de... costuma-se dizer que "quem nasce torto, tarde ou nunca se endireita"! e este país nasceu torto! por isso temos que nos contentar. Contentemo(s)-nos...
  • F. Oliveira
    20 jan, 2018 Lisboa 04:03
    O problema é que a Europa, em particular a zona euro, ainda não encontrou uma solução para um problema gravíssimo, um velho problema, que é, como conseguir ter na mesma União Europeia países que têm estruturas tão diferentes, que têm ciclos económicos tão diferentes, têm estruturas produtivas tão diferentes, têm ciclos económicos tão distintos, que têm reações diferentes àquilo que se passa no mundo, inclusive aquilo que se passa na própria política monetária. Quando, ao mesmo tempo, toda a gente percebe que, para se viver na mesma moeda única é preciso que as regras orçamentais e as políticas orçamentais sejam, de alguma forma, coordenadas, a tendência foi, a única forma de coordenar isto foi a de estabelecer regras cegas. Só que, as regras cegas nunca servem a ninguém. Inclusive, nem, em muitos momentos, não serviram a própria Alemanha ou a França ou a Itália, e, portanto, é preciso encontrar sempre válvulas de escape. Quando se encontram válvulas de escape, entra a arbitrariedade. E toda a gente põe em causa. Mas, a final que regras são estas que, quando é necessário, são totalmente são totalmente alteradas Na União Europeia, de acordo com os Tratados, não há uma política orçamental conduzida centralmente. Há políticas orçamentais nacionais. Agora, aquilo a que se chegou rapidamente á conclusão é que, uma União Monetária, que não é acompanhada de coordenação orçamental mais estreita, não resulta; não é sustentável. As Instituições Europeias e a Alemanha, já perceberam.
  • Andre Souza
    19 jan, 2018 Vila Pouca de Aguiar 13:55
    Se não fosse contra, não tinha assunto para as crónicas!
  • resposta ao Joao123
    19 jan, 2018 Lisboa 11:27
    Se as taxas de juro fossem como eram quando estávamos no escudo o endividamento também não seria o que é. Outra coisa: convém não colocar hífen nos tempos verbais que não os têm.
  • joao123
    19 jan, 2018 lisboa 08:23
    Se não estivesse-mos no euro julga que tinha-mos taxas de juro iguais ou perto das que temos hoje em dia?Já para não falar da inflação...