Vasco Lourenço considera que o presidente do Sporting, Bruno de Carvalho, não tem condições para continuar no cargo e chega a afirmar que o emblema leonino ficaria "melhor" sem a figura do seu líder máximo.

O coronel, ícone da revolução que deitou por terra a ditadura em Portugal, em 1974, renunciou, esta semana, ao lugar que ocupava no Conselho Leonino, em clara rota de colisão com Bruno de Carvalho, juntando a sua ao rol de vozes que têm vindo a expressar descontentamento pelo estilo de liderança do presidente verde e branco.

"Bruno de Carvalho mostrou a natureza que tem. Foi uma decepção. Acreditei que fosse possível trabalhar com ele. Hoje, para mim, é uma pessoa que prefiro não qualificar e preferiria que ele não fosse presidente do Sporting",declara Lourenço, em entrevista a Bola Branca, acrescentando que as últimas tomadas de posição de Bruno de Carvalho apenas confirmaram que o presidente está a mais em Alvalade.

"Independentemente dos resultados, que estão a ser bons, quer no campo desportivo quer no financeiro. Nestes últimos dias, se já tinha uma péssima imagem junto de muita gente, depois daquela última sessão de quase uma hora a falar aos sócios e das afirmações que fez e dos posts que anda a colocar no Facebook, o melhor para o Sporting é que o Bruno de Carvalho vá à procura de outra vida", assinala Vasco Lourenço, catalogando-se a si próprio como "desconsiderado" por Bruno de Carvalho.

"Senti-me desconsiderado, como membro do Conselho Leonino. Tinha sido convidado pelo próprio Bruno de Carvalho para um órgão que ele diz que não serve para nada. Assim, demiti-me para evitar bocas de que os conselheiros tinham benesses. Não estou agarrado a qualquer benesse e que não aceito ser desconsiderado e tratado como ele tratou o Conselho Leonino", explica.

O "ADN" do tio-avô Pinheiro de Azevedo

Por variadíssimas ocasiões, Bruno de Carvalho associou o seu carácter e forma de liderar ao do seu tio-avô, Pinheiro de Azevedo, antigo primeiro ministro de Portugal. Vasco Lourenço conviveu de perto com o Almirante que tem em Bruno de Carvalho um sobrinho-neto que terá absorvido apenas parte do seu "ADN".

"Conheci extraordinariamente bem o Almirante Pinheiro de Azevedo. Tinha virtudes extraordinárias, mas também tinha enormes defeitos. Na minha opinião, o Bruno de Carvalho tem o 'ADN' do tio-avô mas só copiou as partes negativas. As partes positivas, não as tem", remata.

Futuro de BdC cima da mesa a 17 de Fevereiro. "AG's mal informadas são mais facilmente manipuladas"

E, então, em que ficamos para a decisão de 17 de Fevereiro? Bruno de Carvalho anunciou a marcação de uma assembleia geral de sócios para esse dia e deixou a ameaça clara: ou os novos estatutos e as alterações que preconiza para o regulamento disciplinar são aprovadas com 75% dos votos ou abandona a presidência do Sporting.

Vasco Lourenço confessa desconhecer que desfecho terá a reunião magna, no Pavilhão João Rocha. Todavia, o ex-conselheiro leonino deixa um alerta, em Bola Branca, sobre a possibilidade de uma manipulação por desinformação dos próprios associados.

"As assembleias gerais são sempre muito mais fáceis de manipular do que um grupo mais pequeno. Por isso é que o Conselho Leonino, tendo lá as várias tendências, era muito mais fácil discutir de forma profunda as questões do que numa assembleia geral. Quando digo 'manipular' quero dizer que quando uma assembleia geral está mal informada é mais facilmente manipulada. E essa manipulação é feita com intervenções populistas. Se os sócios estão mal informados? Falta fazer a discussão à volta do tipo de Sporting que será construído se as propostas forem aprovadas. E não houve essa discussão", conclui.